Quatro dias depois de encerrado o maior julgamento da história do país, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, decidirá hoje se manda para a cadeia imediatamente os condenados no processo do mensalão. Na véspera da esperada decisão, o comandante da Suprema Corte e o presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), travaram fortes embates, na esteira dos choques entre Legislativo e Judiciário que vêm ocorrendo desde que o STF determinou a perda dos mandatos de três deputados federais condenados na Ação Penal 470. Dessa vez, o mote foi a possibilidade de a Casa Legislativa oferecer asilo a esses parlamentares para evitar as detenções.
Em entrevista na manhã de ontem, Maia não descartou essa hipótese, o que provocou a reação de Barbosa: “A proposição de uma medida dessa natureza, acolher condenados pela Justiça no plenário de uma das Casas do Congresso, é uma violação das mais graves à Constituição brasileira”, frisou o presidente do STF, ao falar à imprensa à tarde. Como a polícia é impedida de entrar nas dependências do Congresso sem autorização, os deputados João Paulo Cunha (PT-SP), Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT) não poderiam ser detidos no local.
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Barbosa decidirá nesta sexta-feira sobre prisão imediata dos condenados no mensalãoEsquema do mensalão pagou dupla sertaneja e publicitários, diz Marcos ValérioMarco Maia assina 14 atos antes de deixar presidênciaIda de Mantega ao Congresso é desnecessária, diz Marco Maia“Condenar pessoas que tenham cometido crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro, e tirar as consequências dessa condenação é ingerência no Poder Legislativo? As pessoas são eleitas para gozarem de privilégios que não são extensíveis ao cidadão comum?”, questionou o ministro, que disse acreditar que “Marco Maia não será a autoridade do Legislativo que terá a incumbência de dar cumprimento à decisão do Supremo”, pois o mandato do petista termina em fevereiro.
Antes, o presidente da Câmara, que comprou briga com o Supremo na defesa do mandato dos parlamentares condenados pela Corte no processo do mensalão – postura classificada pelo ministro Celso de Mello como “corporativista” –, havia afirmado que uma eventual detenção seria ilegal e citado o artigo 53 da Constituição para defender que parlamentares só podem ser presos em flagrante ou com decisão transitada em julgado.
Ele negou que haja um mal-estar com o Supremo ou com o ministro Celso de Mello, que na sessão de encerramento da Ação Penal 470 criticou duramente as ameaças de descumprimento da cassação de mandatos dos parlamentares. “Não me senti de forma alguma ameaçado e tenho certeza de que o ministro não fez isso em tom de ameaça. A situação física (Mello se recuperava de uma gripe forte) colocou o ministro naquela condição”, afirmou o presidente da Câmara. “Não considero que o ministro tenha feito comentários direcionados a mim, até porque não citou meu nome.
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