O presidente estadual do PSDB, deputado federal Marcus Pestana, cobrou ontem do prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), que respeite o acordo que afirmou existir entre as duas legendas para permanência de um vereador tucano na Câmara Municipal. Segundo o parlamentar, o acerto foi feito em 2010 pelas cúpulas municipal e estadual dos partidos. “Foi no fio do bigode e esperamos que isso seja cumprido”, avisou Pestana, usando expressão comum em Minas para acordos que, ao menos teoricamente, não precisam ser colocados no papel e assinados. Há dois anos o presidente da Casa é Leo Burguês (PSDB), que substituiu Luzia Ferreira (PPS).

Pestana afirmou ter voltado ao assunto em conversa com o prefeito há algumas semanas na sede da PBH, quando Lacerda teria dito que a manutenção do PSDB na presidência teria sido articulada em outro contexto, quando o PT ainda participava da composição, oferecendo o candidato a vice-prefeito na chapa. Pestana conta ter retrucado, lembrando que essa “cláusula” não havia sido apresentada no dia do acordo. Mesmo com todo o atrito, o tucano nega mal-estar com o prefeito. “Tudo isso foi dito em um ambiente de muita descontração”, pontuou. Segundo o dirigente, o vereador Pablito (PSDB) é o candidato do partido defendido também pelo senador Aécio Neves.

Burguês, porém, tenta viabilizar sua reeleição.

 “É legítimo o PSDB disputar a presidência da Casa, mas o PSB também quer o cargo, por termos a maior bancada da Casa”, avisa o presidente municipal do partido de Lacerda, João Marcos Grossi. Três vereadores compõem a bancada tucana eleita em outubro, contra seis do PSB e seis do PT. Segundo articuladores que participam das negociações para a composição da Mesa, o principal problema de Pablito é que o vereador não tem apoio, pelo menos no momento, do grupo ao qual pertence na Casa, que inclui os vereadores reeleitos Elaine Matozinhos (PTB), Leonardo Mattos (PV), Preto (DEM), Autair Gomes (PSC) e Joel Moreira (PTC).

Duas reuniões Na manhã de ontem, vereadores tucanos e socialistas se reuniram para discutir a sucessão na Mesa. “Foi uma tentativa de aproximação. Dissemos que vamos ter candidato e eles ficaram de nos dar resposta na semana que vem sobre qual será a posição definitiva do partido”, explicou Pablito. Foi decidido que seja qual for o posicionamento os seis socialistas votarão em bloco. O PSB faz parte hoje de um grupo de vereadores que faz contraponto ao de Pablito e que inclui PPS, PDT e dois partidos que já prometeram fazer oposição ao governo: PT e PCdoB. “É um grupo que se reuniu em torno de propostas para a Câmara”, ponderou um aliado do prefeito, que almoçou ontem com os vereadores. No encontro, Lacerda se limitou a fazer um balanço positivo do relacionamento com a Câmara no primeiro mandato..