A cinco dias da eleição para a Mesa Diretora da Câmara Municipal, o partido do prefeito Marcio Lacerda (PSB) e o PSDB estão em um impasse: enquanto os tucanos alegam ter direito à Presidência da Casa devido a um acordo firmado nas negociações pré-eleitorais, os socialistas afirmam que não existe mais essa combinação, já que ela teria sido feita quando o PT ainda integrava parte da chapa, ocupando a vaga de vice-prefeito. O rompimento com os petistas, argumenta o PSB, fez com que a articulação voltasse à estaca zero. Os tucanos foram ontem à sede do diretório socialista para tentar convencer o aliado a retirar a candidatura e apoiar o nome indicado pelo PSDB, o vereador Pablito. Não conseguiram.
Depois de o senador Aécio Neves (PSDB) entrar no circuito, conversando com Lacerda, ontem foi a vez de o presidente estadual do PSDB, deputado federal Marcus Pestana, e Pablito se reunirem com o presidente municipal do PSB, João Marcos Grossi, e parte da bancada socialista, incluindo os possíveis candidatos Daniel Nepomuceno e Alexandre Gomes. Depois de uma tensa reunião, o grupo saiu pregando o consenso para chegar à candidatura única, mas com discursos antagônicos. “O PSDB tem o governador do estado (Anastasia) e o maior líder político, Aécio Neves. O que acertamos foi que, tendo feito um sacrifício enorme, tivemos um acordo que, no desdobramento, contaríamos com o apoio do PSB”, afirmou Pestana, se referindo ao fato de o partido não ter lançado candidato próprio para apoiar Lacerda.
Pablito fez coro à cobrança e disse que os tucanos estão buscando o consenso, mas alegou que o partido já abriu mão da prefeitura e da vaga de vice-prefeito. Nos bastidores, os socialistas – que terão com o PT as maiores bancadas a partir do ano que vem – estão insatisfeitos com o contato tardio do PSDB. Segundo um dos líderes que participam das negociações, os tucanos teriam fechado o apoio anteriormente com outros grupos, para só depois procurar o PSB.
Os dois vereadores do PSB que pleiteiam a presidência se apressaram em discordar de Pestana e Pablito. “Eles colocam um acordo que fizemos no contexto em que o PT tinha a vaga de vice”, afirmou Nepomuceno. Alexandre Gomes avisou que o PSB vai colocar um nome e que a divergência com o PSDB é uma questão de interpretação. “Entendemos que em uma composição com o vice sendo do PT seria natural que o PSDB continuasse com a presidência. Dentro da cisão com o PT, não existe mais esse tipo de conversa”, afirmou.
Segunda reunião Logo depois de receber o PSDB em sua sede, os vereadores do PSB se encontraram com outro grupo de parlamentares do PT, PCdoB, PRB, PDT, PPS, PV e PSDC para elaborar o documento de propostas para a próxima mesa da Câmara. Preocupados com a imagem desgastada da Casa, os representantes do PSB propuseram a elaboração de um documento com propostas para a futura mesa, que vão desde a adoção da transparência e de decisões mais colegiadas até mudanças nas regras da verba indenizatória. Segundo o líder do governo, Ronaldo Gontijo (PPS), os que fecharem acordo em torno da aliança programática vão definir um nome. O PSDB não participou da conversa.