A entrada de um novo prefeito na histórica Mariana, na Região Central, poderia ser vista como um alento após quatro anos de turbulências, quando a cadeira do chefe do Executivo municipal mudou de dono sete vezes, sendo ocupada por cinco pessoas diferentes. Porém, o prefeito eleito, Celso Cota (PSDB), já foi considerado ficha-suja e conseguiu se candidatar graças a uma liminar, que aguarda julgamento. Caso a candidatura de Cota seja impugnada, uma nova eleição será convocada.
A sucessão de mandatos cassados, brigas e impugnações que dominaram o poder da cidade prejudicam, principalmente, o cidadão de Mariana. “Nesses últimos quatro anos a cidade perdeu muito. Transição é sempre transição e até arrumar a casa e colocar do seu jeito para funcionar leva tempo”, afirma o atual prefeito, Roberto Rodrigues (PTB). O Casarão dos Morais, na Praça da Sé, é um dos prejudicados, segundo o prefeito. Um programa do governo federal, chamado Monumenta, destinou o verba para a restauração, mas segundo Rodrigues, como a prestação de contas não foi feita adequadamente, a prefeitura teve que devolver cerca de R$ 8 milhões ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Derrotado por Celso Cota por 54,38% a 29,62% dos votos válidos, Rodrigues pretende se candidatar novamente à eleição se a candidatura do prefeito eleito por impugnada. Cota, que esteve no comando da prefeitura antes do atual administrador, foi condenado, em 2008, pela distribuição de 3 mil exemplares de um jornal, que segundo decisão do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) teve o intuito de influenciar o voto. “A veiculação de informações por meio de um jornal conhecido na cidade tem mais credibilidade e mais potencial de influenciar o eleitor do que mero panfleto distribuído pela coligação dos então candidatos”, relata a decisão da Justiça eleitoral.
Condenado a 12 anos de inelegibilidade pela primeira instância, a pena foi reduzida a sete anos na segunda instância, decisão que foi confirmada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Cota, porém, conseguiu liminar em uma ação rescisória, viabilizando assim o registro de sua candidatura. Os advogados do prefeito eleito emplacaram uma ação protelatória, alegando exceção de competência, que adiou o julgamento da ação que decidiria se ele pode exercer o cargo.
Histórico
O imbróglio em Mariana começou quando Roque Camilo (PSDB), eleito em 2008, teve o registro de candidatura cassado depois de governar por 1 ano e três meses. No intervalo, o presidente da Câmara, vereador Raimundo Horta (PTB), assumiu a prefeitura por 15 dias até a segunda colocada na eleição, Terezinha Ramos (PTB), tomar posse. Depois de um mês, ela saiu por ser alvo de uma série de acusações, dando lugar novamente a Raimundo Horta, que, dessa vez, ficou por sete meses à frente do Executivo.
Na virada de 2010 para 2011, o vereador Geraldo Sales de Souza (PDT) assumiu a presidência da Câmara e também a prefeitura no lugar de Raimundo, ficando por oito meses, até o retorno de Terezinha, que conseguiu voltar ao cargo por decissão da Justiça. A prefeita governou entre setembro de 2011 e fevereiro de 2012, quando foi cassada por uma Comissão Processante (CP) aberta na Câmara. O vice-prefeito dela, Roberto Rodrigues (PTB), assumiu e governa a cidade até dia 31.