Preocupada com o pífio desempenho da economia nos últimos dois anos, a presidente Dilma Rousseff inicia a segunda metade de seu mandato, a partir de 1.º de janeiro, com a difícil tarefa de fazer o governo andar, recuperar a confiança dos investidores e soldar a base aliada, hoje com fraturas expostas. No ano em que o PT completa uma década no comando do País, a cúpula do partido avalia que a reeleição de Dilma, em 2014, depende de um crescimento de, no mínimo, 4%.
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Na seara política, as angústias do PT se concentram no impacto do julgamento do mensalão e nos desdobramentos da Operação Porto Seguro, que chegou ao gabinete da Presidência em São Paulo e à Advocacia-Geral da União. No Planalto e no partido, petistas preveem mais ataques na direção do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no rastro das denúncias do empresário Marcos Valério, que o acusou de receber dinheiro do mensalão.
Desagravo
Com esse diagnóstico, o PT prepara um grande ato de desagravo a Lula para fevereiro, quando o partido fará 33 anos. A iniciativa faz parte do cronograma para “vender” as conquistas dos dez anos do PT à frente da Presidência e se contrapor à agenda negativa do julgamento do mensalão e outros escândalos, como o da Porto Seguro.
“Vamos para a ofensiva.
A outra frente de preocupação do Planalto está nos movimentos do governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Presidente do PSB, partido da base de apoio governista, Campos dá sinais de que poderá enfrentar Dilma na disputa pela Presidência. Sua decisão, porém, está vinculada à economia.
“Vivemos um período de Tensão Pré-Eleitoral”, resumiu o presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), ao prever um 2013 de “muitas turbulências”. Partido do vice-presidente Michel Temer, o PMDB tem certeza de que o PSB de Campos quer puxar sua cadeira. Em público, no entanto, os peemedebistas só falam no receituário para “destravar” os nós do governo e tirar projetos da prateleira.
“Parece que está faltando um gerentão em cada área”, admitiu Raupp. “São entraves burocráticos e, enquanto não se resolvem, o Brasil fica patinando, sem crescer, por falta de infraestrutura.”
A presidente diz que 2013 será um ano de “grandes batalhas” e uma delas consiste em vencer a briga com Estados não produtores de petróleo para, no futuro, destinar 100% dos royalties do pré-sal à educação. “Estou vendo um final de governo com economia em declínio, denúncias e cisões na base aliada”, provocou o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP). “O crepúsculo só é bonito na natureza. Na base do governo, não.”
Cotado para assumir a presidência da Câmara a partir de fevereiro, o deputado Henrique Eduardo Alves (RN), líder do PMDB pôs água na fervura.