Jornal Estado de Minas

Dilma evita falar sobre reeleição

Brasília – A presidente Dilma Rousseff evitou dar qualquer sinalização em relação ao seu futuro político em 2014, sob a alegação de que o momento atual é de se concentrar nas ações da sua administração, mantendo todo o vigor do primeiro dia de governo. "Não respondo isso nem amarrada", disse ela, rindo, ao ser questionada se será candidata à reeleição em 2014, durante café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto.


Dilma evitou também responder sobre a mobilização de setores do PT que querem a volta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Palácio do Planalto. "Não falo de sucessão presidencial no meio do meu governo. Isso não é politicamente necessário", declarou a presidente. Ela acentuou que falar sobre esse tema no segundo ano de seu governo seria antecipar 2014. "E eu pretendo governar com absoluto empenho até dezembro de 2014. Não vou antecipar o fim do meu mandato", avisou a presidente, destacando que mantém "absoluto empenho" na administração, como se estivesse no início do mandato.

No ano em que o PT foi o centro das atenções ao ver alguns de seus integrantes serem julgados publicamente pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a presidente, maior representante do partido no poder, poucas vezes deixou sua imagem ser atrelada à legenda. Ontem, porém, ao ser provocada pelos jornalistas Dilma defendeu, com ressalvas, a legenda, dizendo que reconhece a importância de outros partidos, mas que o PT, para ela, é “um dos grandes produtos da democracia” do país.
A presidente também admitiu que a agremiação tem falhas. “Como qualquer obra humana, (o PT) não é perfeito”, ponderou.

Dilma comentou a relação com a sigla ao responder a uma pergunta sobre como avaliava o ano para o partido, que enfrentou, além do julgamento do mensalão, a Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, que desbaratou uma quadrilha de venda de pareceres com tentáculos na alta cúpula do governo, inclusive no gabinete da Presidência em São Paulo. “O PT é um dos grandes produtos da democratização do país. Dá grandes contribuições ao país. Não só respeito, como integro o PT. O Brasil deve muito ao que o PT fez”, argumentou.

As declarações foram feitas a menos de um mês da conclusão do julgamento do mensalão, que condenou petistas históricos — como o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e o ex-presidente da sigla José Genoino. Ainda assim, a presidente se esquivou do assunto e disse que não comentaria a decisão do Supremo Tribunal Federal.
“Vocês não vão me ver me manifestar sobre isso. Tem dois aspectos: eu não me manifesto sobre decisões de outro poder. Eu posso concordar, discordar, divergir ou não. Como presidente da República, se eu fizesse isso, se eu manifestasse as minhas opiniões, eu não estaria contribuindo para a governabilidade deste país”, contestou. “A separação dos poderes é a pedra basilar da democracia”, completou.

A relação de Dilma com o PT tem sido naturalmente conflituosa. Os petistas não gostaram, ao longo de 2012, das concessões feitas à iniciativa privada para investimentos em rodovias e ferrovias, apontadas pelos tucanos como privatização. Outro foco de ciúmes é o bom diálogo que ela tem com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. A relação com os correligionários foi amenizada após a presidente divulgar uma nota rebatendo as críticas de FHC ao governo Lula.


A presidente também respondeu se tinha arrependimento sobre a indicação ao STF do ministro Luiz Fux, que acompanhou o relator do processo na condenação de alguns dos réus do mensalão. “Eu não me arrependo de nada, estou muito velha para isso”, brincou. Mas fez questão de sustentar que, depois de indicados, eles têm uma “distância integral” da presidente. “Pelo fato de eu os ter indicado, esse é um ato do Poder Executivo, não é um ato da presidente Dilma Rousseff. E, portanto, a partir daí, eles vivam as suas vidas”, filosofou.

Rena engraçadinha

A presidente Dilma Rousseff reagiu com bom humor à sátira do jornal britânico Financial Times, que fez piada com a situação econômica brasileira. Estrelando um bate-boca com o Papai Noel, Dilma é caracterizada no conto como a rena do nariz vermelho, e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, como "Guido, o elfo vidente". Dilma disse ontem que achou estranho ela ser a rena, porque não existe esse animal no Brasil. Segundo a presidente, ela preferia ser um "anão" ou uma "elfa" que ajuda o Papai Noel. Minutos depois, retomou o tema.
"A rena é bem engraçadinha, não se incomodem com isso", disse ela depois do café da manhã com os jornalistas.

 

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