Jornal Estado de Minas

Lacerda terá que resolver problemas não foram solucionados no primeiro mandato

Assim como no campo político, em que terá de definir entre nomes de peso do cenário nacional quem receberá seu apoio em 2014, o prefeito Marcio Lacerda vai precisar de ginga para encarar os próximos quatro anos na gestão da capital. Para a etapa final de sua administração, que vai até 2016, estão garantidos lances decisivos para os belo-horizontinos e que podem significar importantes reforços, caso sejam cumpridas as promessas, ou perigosos desfalques, caso se repitam os adiamentos e atrasos. Na lista de metas a serem cumpridas até o fim do jogo estão grandes obras, como a revitalização do Anel Rodoviário, o projeto para o Rodoanel, a ampliação do metrô e a construção de centros de saúde, área apontada como mais deficiente da cidade.


Logo no primeiro ano de seu segundo tempo, está prevista a entrega de duas grandes apostas para a cidade: o funcionamento do BRT (transporte rápido por ônibus) em dois dos corredores mais movimentados de BH, na Avenida Cristiano Machado e entre as avenidas Antônio Carlos e Pedro I, e a conclusão das obras no hospital do Barreiro, previsto inicialmente para entrar em funcionamento no primeiro semestre de 2012. Também são esperadas definições para outras ações de mobilidade, como o trajeto onde as novas linhas do metrô serão instaladas e onde ficarão as suas estações, assim como as empresas responsáveis pela obra. A revitalização do Anel Rodoviário, outra promessa antiga que ainda não saiu do papel, também vai exigir muito trabalho da prefeitura para garantir que os recursos prometidos pelos governos federal e estadual não fiquem só no discurso.

Apontada por quase metade dos eleitores como maior problema da capital, a saúde dominou grande parte dos debates eleitorais em 2012 e foi a área que mais recebeu promessas para os próximos quatro anos. Em pesquisa Ibope divulgada em agosto, 49% dos entrevistados consideraram a área da saúde a mais problemática, à frente de segurança pública e trânsito.

Entre as reclamações que aparecem na ponta da língua dos usuários do sistema público está a demora na espera para consultas, falta de estrutura física e de funcionários. “O desafio é garantir mais qualidade para a atenção básica. Essa melhoria desejada vai desde a situação física, que trata das instalações adequadas até um cuidado mais bem planejado, buscando entender a população que será atendida e as demandas de cada lugar”, aponta Antônio Thomaz Gonzaga da Mata Machado, do Departamento de Medicina Preventiva e Social da UFMG.

A maior aposta para atender uma região com mais de 280 mil habitantes e todo seu entorno é a entrega do Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro, o Hospital do Barreiro, prevista para o fim de 2013, e alcançar o pleno funcionamento em 2014. A obra, iniciada em 2010 e programada para ser entregue em 2012, ficou parada de abril a novembro de 2011 porque a empresa vencedora da licitação abandonou o processo. Em novembro, uma nova licitação foi feita e um novo cronograma definido. “Esse hospital é fundamental para distribuir melhor o atendimento ao público.
Algumas regionais ficam constantemente com unidades lotadas, o que dificulta a prestação do serviço. Vale lembrar que parte da rede já está velha, tanto por depredação natural quanto por problemas em algumas parcerias público-privadas ou com o governo federal que não avançaram”, afirma Gonzaga.

NOVELA REPETIDA Enchentes e desabamentos também são problemas conhecidos e que se repetem quase religiosamente entre dezembro e janeiro em Belo Horizonte. Para a arquiteta e urbanista Cláudia Pires, nos próximos quatro anos o maior desafio é ampliar os investimentos em prevenção. Até o fim deste ano, das 40 intervenções planejadas para impedir alagamentos de vias, apenas 14 foram concluídas e algumas ações previstas para locais de fluxo intenso, como no Ribeirão Arrudas, e nas avenidas Cristiano Machado, Bernardo Vasconcelos e Francisco Sá, continuam na prancheta. Muitos dos projetos de drenagem urbana já foram levados aos ministérios da Integração Nacional e das Cidades, mas a liberação de recursos engatinhou.

“É preciso buscar mais investimentos para apostar mais na prevenção do que na resposta aos desastres. A capital tem hoje problemas estruturais na área central relativos à drenagem urbana onde a taxa de urbanização é grande”, explica a arquiteta.
Segundo ela, o resgate do programa Drenurbs trouxe boas propostas para o tratamento de problemas ambientais nas bacias hidrográficas que cortam a cidade e para o monitoramento dos cursos d’água, no entanto os gastos ainda ficam distantes da necessidade atual. “Esse projeto é referência, mas existem áreas que até hoje não foram contempladas. Principalmente na Regional Oeste, no entorno da Avenida Tereza Cristina, temos graves problemas e obras que não foram feitas de forma correta”, ressalta Cláudia.

 

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