Brasília – Caso o projeto com as novas regras para o Fundo Partidário seja aprovado no Congresso Nacional, já tem uma vítima anunciada: a ex-senadora Marina Silva. Fiel da balança nas eleições majoritárias em 2010, quando se apresentou como terceira via e angariou quase 20% dos votos, Marina se desfiliou do PV no ano passado com a intenção – não declarada – de criar seu próprio partido. Com a mudança, não contaria com os recursos aos quais todas as outras legendas teriam direito, e já largaria em desvantagem em relação às demais. Marina continua sendo apontada, tanto na oposição quanto na base governista, como uma possível presidenciável em 2014.
A ex-senadora, que tem dedicado seu tempo a palestras, ainda não admitiu publicamente sua intenção de criar uma legenda, mas comenta-se que já procurou, por exemplo, Alessandro Molon (PT-RJ) e Antônio Reguffe (PDT-DF). Para o cientista político Rui Tavares Maluf, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, caso Marina não crie a legenda, corre o risco de perder o capital político angariado em 2010. "A atuação política dela está dentro de um campo que, por mais legítimo e importante para a sociedade, de qualquer maneira, é um segmento que sozinho é difícil ter expressão nacional", pondera.
Ainda assim, o especialista defende a mudança da regra. "A gente não deve confundir o direito de expressão e de organização com dar a esses interessados recursos antes de terem provado ser representantes significativos da sociedade", defende.