Jornal Estado de Minas

Mais dois anos para Léo Burguês na presidência da Câmara de BH

Em sessão tensa, presidente da Câmara consegue ser reeleito. Na avaliação de vereadores que fazem parte da base de apoio ao prefeito, o resultado soa como uma derrota para Lacerda

Alice Maciel Isabella Souto
Um acordo de última hora assegurou ontem ao vereador Léo Burguês (PSDB) mais dois anos na Presidência da Câmara Municipal de Belo Horizonte. Com 21 votos a favor, 14 contra, quatro abstenções e duas ausências, o tucano derrotou o colega de partido Henrique Braga em uma eleição marcada pela polêmica, tensão e até briga entre simpatizantes dos dois candidatos. Várias reuniões ocorreram durante o dia na sede do Legislativo, atrasando a posse dos parlamentares e do prefeito Marcio Lacerda (PSB) em uma hora. O resultado foi apontado nos bastidores como a primeira derrota política de Lacerda no governo que teve início ontem.


Até o momento da eleição, PSB e PT articulavam a candidatura de Bruno Miranda (PDT) – nome que tinha a simpatia do prefeito e ainda era uma forma de os socialistas tentarem se aproximar da bancada do PT, que promete uma oposição aguerrida na Câmara Municipal. No entanto, ao perceber que não tinham votos suficientes para vencer a disputa sem o PSDB, os socialistas preferiram caminhar com o vereador Henrique Braga – nome colocado pela Executiva tucana – aceito também por Lacerda.
Sem o acordo para a candidatura do pedetista, os vereadores do PT optaram pela abstenção, com exceção de Silvinho Rezende, que votou na chapa encabeçada por Henrique Braga. Também optaram pelo candidato derrotado cinco vereadores do PSB, exceto Alexandre Gomes, que saiu do plenário na hora da votação. O terceiro integrante da bancada do PSDB, o vereador Pablito, que chegou a ter o nome cotado para a disputa, seguiu a orientação do seu partido. Sem o apoio da bancada petista e dos seis vereadores liderados pelo deputado federal Luis Tibé (PTdoB), Henrique Braga acabou derrotado.

Léo Burguês, contrariando a direção municipal e estadual do PSDB, articulou até o fim sua candidatura, anunciando o racha na bancada tucana. “O PSDB está rachado, uma vez que a Executiva municipal e estadual me indicou e ele (Burguês) escolheu lançar sua candidatura”, afirmou o candidato derrotado. Ao todo, 12 novatos optaram pela reeleição. A independência do Executivo foi a justificativa que os vereadores deram para votar em Léo Burguês. “Eu não poderia votar em um nome do prefeito”, observou Iran Barbosa (PMDB), opositor do governo de Lacerda.

Derrota O PSB foi o maior derrotado nessa disputa. Ao apoiar Henrique Braga, eles acabaram sem vaga na Mesa e, pelo que corre nos bastidores, os socialistas vão ficar também sem as principais comissões. Já o PTdoB acabou ganhando três cadeiras na direção da Câmara.

O cenário formado na Casa não é bom para o prefeito. Até aliados do governo consideram que a vitória de Burguês foi uma grande derrota para Lacerda na Câmara. Agora, além da oposição do PT e do PCdoB, o prefeito vai ter que suar para conseguir apoio do grupo ligado ao presidente.

Apesar de negar que vá fazer oposição ao Executivo, Burguês deu o recado: “O que vai acontecer é que ele (Lacerda) vai ter que conversar mais, fazer reuniões mais longas para aprovar um projeto”, afirmou. Corre nos bastidores que Wellington Magalhães está tentando formar uma bancada “independente”.

 Em relação à sua posição contrária a do partido, Léo Burguês afirmou que o PSDB não chegou a escolher ninguém. “O PSDB é um partido democrático. Ele deixa para os parlamentares o que acha melhor. Como nós temos bons candidatos, lançamos dois candidatos à presidência”, afirmou, e acrescentou: “O prefeito ter a preferencia dele é legítimo, o deputado Marcus Pestana ter a preferencia dele é legítimo, o senador Aécio Neves também, a plateia gostar de um ou de outro é legítimo, mas quem decide são os vereadores”, disse o presidente reeleito

Tão logo foi proclamada a vitória de Léo Burguês, os visitantes que lotaram as galerias da Casa se dividiram em aplausos e vaias. Um dos filhos de Henrique Braga e um simpatizante da candidatura de Burguês – que não tiveram os nomes divulgados – protagonizaram uma briga que terminou na expulsão dos dois pelos seguranças da Câmara.

A votação começou pouco tempo depois da inscrição das chapas. Dar agilidade no processo foi uma manobra de Burguês para evitar que o grupo opositor tivesse mais tempo para articular. Ele colocou as chapas em votação quando alguns vereadores ainda estavam reunidos. Adriano Ventura (PT) contou que quando saiu da Casa da Dinda – espaço localizado no plenário –, onde ainda estavam  articulando, já tinha passado sua vez de votar.