Adriana Caitano

Brasília – No site oficial do petista José Genoino (SP), nada de biografia, fotos ou notícias. Uma tela de fundo vermelho-sangue exibe apenas os links para entrevistas concedidas recentemente e a defesa enviada para o Supremo Tribunal Federal (STF), que o condenou a seis anos e 11 meses de prisão por corrupção ativa e formação de quadrilha no escândalo do mensalão. Em destaque, as declarações de inocência escritas na cor branca trazem trechos de discursos que ele defenderá a partir de hoje na tribuna do Congresso Nacional, onde esteve por seis legislaturas e para onde volta depois de dois anos. “Estou indignado com esta condenação cruel. É a sensação de estar numa noite escura.” O mandato que ele assume nesta tarde tem prazo de validade – termina quando a condenação transitar em julgado –, mas o petista já conta com as possibilidades de recursos para ficar no cargo até o fim da legislatura, pelo menos.

Em 2010, mesmo já sendo réu da ação penal sobre o mensalão, Genoino candidatou-se a deputado federal e recebeu 92.362 votos. O número, porém, não foi suficiente para ele assumir o cargo. Acabou como segundo suplente da coligação da qual o PT fazia parte em São Paulo. Ele assume no lugar de Carlinhos Almeida (PT), agora prefeito de São José dos Campos (SP), e se junta aos outros três parlamentares condenados pelo STF que podem estar com os dias na Câmara contados. Além de Genoino, estão na berlinda João Paulo Cunha (PT-SP), Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT).

José Genoino tinha a opção de não tomar posse agora – tinha 30 dias para responder à convocação da Câmara. Mas apressou-se em dizer que fazia questão da vaga. Ele chegou a Brasília ontem no início da tarde e foi pessoalmente dar a resposta ao questionamento feito pela Secretaria Geral da Casa e entregar documentos. Evitou comentar seu retorno, mas garantiu que vai falar abertamente sobre o assunto hoje, após a posse. “Só falo amanhã, depois da posse”, disse o petista após visitar a liderança do partido. “Hoje, nem no pau de arara falo. E tem o pau de arara antigo e o moderno. Amanhã (hoje), depois da posse, vocês me bombardeiam.”

A Secretaria Geral da Mesa Diretora da Câmara dá posse hoje a 11 deputados titulares e quatro suplentes, que assumirão a vaga dos que renunciaram ou se licenciaram por causa do resultado das eleições municipais. A cerimônia está marcada para as 15h, na sala de reuniões da Presidência da Casa, e deve ser breve, já que não estão previstos discursos. Como a Câmara está em recesso, o plenário não pode ser aberto. O evento será presidido pelo primeiro-secretário da Mesa Diretora, Eduardo Gomes (PSDB-TO).

Dois suplentes não participam da solenidade de hoje, mas devem assumir em breve. O líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), e o deputado José de Filippi Júnior (PT-SP) serão secretários de Transportes e de Saúde, respectivamente, na Prefeitura de São Paulo. Assim, abrem as vagas para os suplentes Iara Bernardi e Helcio Antônio da Silva, também petistas. Eles não foram convocados ainda porque os dois futuros secretários de Fernando Haddad não mandaram os documentos solicitando a licença do cargo, e, por isso, ainda não há data para a posse. (Colaborou Juliana Braga)