Jornal Estado de Minas

Bancada mineira na Câmara ganha três novos deputados

Três suplentes tomaram posse ontem em vagas abertas na Câmara por deputados que viraram prefeitos. Outros dois, que atuavam no lugar de parlamentares licenciados, foram efetivados

Juliana Cipriani

A bancada de Minas Gerais ganhou nessa quinta-feira três novos deputados federais, que vão substituir os colegas de coligação eleitos em outubro do ano passado. Tomaram posse em Brasília Nilmário Miranda e Margarida Salomão, do PT, e Renato Andrade, do PP. Juntando com uma troca que já havia ocorrido em dezembro, com a renúncia antecipada do prefeito eleito de Betim, Carlaile Pedrosa (PSDB), e a efetivação de dois suplentes que já atuavam na vaga de parlamentares licenciados, a dança das cadeiras envolveu ao todo 10 posições no Legislativo e no Executivo (veja quadro).
Nilmário Miranda e Margarida Salomão já entram como efetivos das vagas, pois eram os dois primeiros suplentes da coligação entre PT e PMDB, que teve duas baixas com a eleição de outubro. No pleito, o deputado federal Paulo Piau (PMDB) se tornou prefeito de Uberaba e o deputado federal Gilmar Machado (PT) foi o escolhido para comandar a cidade de Uberlândia. Os dois, que representavam o Triângulo Mineiro, dão as vagas a Margarida, candidata derrotada a prefeita de Juiz de Fora, na Zona da Mata, e a Nilmário, que tem base em Belo Horizonte.

Margarida comemora o fato de se tornar a segunda mulher na bancada mineira, que já conta com Jô Moraes (PCdoB), e afirma que fará um mandato com participação popular, para ser fiel às origens do PT. “Venho reforçar a diminuta representação das mulheres na Câmara, sendo essa uma presença tão inferior à presença feminina na sociedade”, disse. Ex-reitora da Universidade Federal de Juiz de Fora, ela pretende ter forte atuação na área da educação. Já Nilmário volta a ser deputado federal exatos 10 anos depois de deixar a Casa para se tornar, à época, ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, no governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele foi deputado estadual por um mandato e federal por três.

Vindo da área rural, Renato Andrade é de Passos, no Sudoeste de Minas, e assume a cadeira com a saída de Márcio Reinaldo, eleito prefeito de Sete Lagoas, na Região Central. Ultimamente, ele era  subsecretário de Políticas Urbanas da Secretaria de Desevolvimento Regional e Políticas Urbanas no governo de Minas e nunca ocupou mandatos eletivos. “Vai ser uma experiência importante e quero aproveitar. Sei que teremos muitos desafios que enfrentarei com força de vontade, transparência e honestidade”, disse.

Mas para a conta da dança das cadeiras fechar é preciso somar ainda os deputados federais Bonifácio Andrada (PSDB) e Vítor Penido (DEM). Os dois suplentes, que já estavam no exercício da função de deputado com a licença de dois colegas que ocupam cargos de secretários de Estado em Minas Gerais, passaram a ser efetivos com a renúncia de Carlaile Pedrosa em 18 de dezembro e Márcio Reinaldo no dia 31. “Fiquei apenas dois dias fora da Câmara. A mudança mínima que teve foi de gabinete, deixei o do secretário Bilac Pinto e passei ao do Carlaile. Agora, ainda que o governo retorne com todos os secretários, eu e Bonifácio estamos efetivados”, disse Vítor Penido.
 
Dança das cadeiras

Efetivados na Câmara dos Deputados
Bonifácio Andrada (PSDB)
Vítor Penido (DEM)

Eleitos prefeitos
Márcio Reinaldo (PP) - Sete Lagoas
Carlaile Pedrosa (PSDB) - Betim
Gilmar Machado (PT) - Uberlândia
Paulo Piau (PMDB) - Uberaba

Empossados ontem
Margarida Salomão (PT) (efetiva)
Nilmário Miranda (PT) (efetivo)
Renato Andrade (PP) (suplente)

Empossado em 18 de dezembro
Huberto Souto (PPS) (suplente)

Três perguntas para...

Nilmário Miranda
DEPUTADO FEDERAL 
   

Qual será o primeiro projeto que o senhor pretende apresentar e/ou qual será sua área de atuação?
Fui deputado por 12 anos, por isso, há projetos que apresentei e não foram ainda avaliados, como o de enfrentamento da tortura, em 2001, e o que cria um conselho nacional dos direitos humanos, também uma medida estratégica que está há 15 anos tramitando. Vou atuar na área de direitos humanos, cultura e reforma política, somar com todos da bancada para atender os interesses de Minas.

Como o senhor votará o veto da presidente Dilma no projeto dos royalties do petróleo e o que pensa da redistribuição no caso da mineração?
Tem que haver uma negociação. Não pode ser nem fazer do jeito que fizeram aqui, com aquela revisão que leva a um corte radical dos produtores, nem ficar do jeito que está, pois é uma riqueza do país. Temos que chegar a um ponto razoável. Acho uma boa saída a proposta da presidente Dilma de jogar a verba na educação. Sou favorável à revisão dos royalties do minério, sempre defendi e vou continuar fazendo isso aqui, baseado no ensinamento de Artur Bernardes, de que minério não dá duas safras. Então, além do estrago e do buraco, tem que usar o bônus para investir em coisas que vão permanecer.

A bancada de Minas apresentou grandes demandas, como verbas para o metrô e Anel Rodoviário. O que o senhor pretende fazer para que esses recursos saiam do papel e outros venham?
Os deputados que saíram é que participaram da elaboração do orçamento. Como foi adiada a votação para fevereiro, um dos deputados que tomaram posse fez uma questão de ordem para saber se vamos votar sem ter participado ou se poderemos influenciar. A mesa vai decidir. De toda maneira, é a típica atuação de bancada: pressão coletiva para que sejam efetivadas as emendas.

Renato Andrade (PP)
DEPUTADO FEDERAL


Qual será o primeiro projeto que o senhor pretende apresentar e/ou qual será sua área de atuação?
Pretendo trabalhar muito para o nosso estado em parceria com o governo de Minas, para ajudar a defender os interesses do estado na Câmara. Dentro das minhas preocupações está o estatuto do menor e do adolescente. Acho justo e necessário que eles tenham direitos, mas considero que também precisam ter deveres e limites. Precisamos rever alguns pontos do estatuto.

Como o senhor votará o veto da presidente Dilma no projeto dos royalties do petróleo e o que pensa da redistribuição no caso da mineração?
Em relação ao veto da Dilma, a Câmara já se posicionou: vai tentar derrubar porque não é justo beneficiar dois estados e deixar de fora um país todo. Nada mais justo do que uma distribuição mais igual dos royalties do petróleo, que é um tesouro nacional. Não falam tanto em acabar com desigualdades? E sobre os do minério, tenho que aprofundar mais no assunto, mas logicamente vou defender os interesses de Minas Gerais para que o nosso povo seja beneficiado.

A bancada de Minas apresentou grandes demandas, como verbas para o metrô e Anel Rodoviário. O que o senhor pretende fazer para que esses recursos saiam do papel e outros venham?

A bancada mineira tem de estar muito unida e entrosada para a gente conseguir o máximo possível. Da minha parte, vai ter dedicação, força de vontade para que essas melhorias cheguem realmente ao nosso povo. Os interesses do estado estão acima de partidos e interesses pessoais. Então essas demandas devem ser atendidas de forma suprapartidária.

Margarida Salomão (PT)
DEPUTADA FEDERAL


Qual será o primeiro projeto que a senhora pretende apresentar e/ou qual será sua área de atuação?
Tenho um compromisso, sendo parlamentar petista, de manter o mandato aberto, com participação da sociedade. Por ter sido duas vezes reitora, tenho como áreas estimadas de atuação a cultura e educação. Pretendo desenvolver um trabalho específico em defesa do magistério, lutando pela melhoria da qualidade na educação brasileira. Vou discutir propostas com os professores e a sociedade.

Como a senhora votará o veto da presidente Dilma no projeto dos royalties do petróleo e o que pensa da redistribuição no caso da mineração?
Endosso a posição da presidente Dilma de destinar para a educação os recursos. Isso é algo virtuoso. Quanto à redistribuição, penso que tem que ser feita considerado também os estados não produtores, uma vez que o investimento é nacional. Acho que as mudanças feitas gradualmente são importantes. Sou pela manutenção da destinação à educação e o restante vou discutir dentro da bancada. Sobre o minério, penso que é necessário que Minas seja ressarcida dessa longa depredação ambiental que tem marcado sua história. É importante que o povo de Minas receba esse benefício.

A bancada de Minas apresentou grandes demandas, como verbas para o metrô e Anel Rodoviário. O que a senhora pretende fazer para que esses recursos saiam do papel e outros venham?
Vou me juntar à bancada para que Minas Gerais seja contemplada como merece pelos recursos federais. Especialmente a minha região tem sido muito esquecida ao longo da história recente dos recursos federais. Na área de universidades recebemos muito, há até uma generosidade inédita, mas no que diz respeito aos projetos estruturantes, talvez por falta de proatividade de lideranças políticas, tem havido uma discriminação negativa de Juiz de Fora. Meu compromisso é lutar para que a região receba não só recursos federais, mas do estado.