A Mesa Diretora da Câmara Municipal articula a criação de comissões que devem ser uma pedra no sapato do prefeito Marcio Lacerda (PSB). Depois de quatro anos de tranquilidade, quando contou com maioria absoluta no Legislativo, o prefeito terá que negociar bastante para emplacar os projetos de sua vontade. A estratégia da Mesa liderada pelo presidente Leo Burguês (PSDB) e pelo vice-presidente Wellington Magalhães (PTN) é alijar os correligionários de Lacerda da liderança das comissões.
Burguês afirmou ontem que está recebendo a indicação de todos os partidos às comissões, que as definições serão feitas em acordo da Mesa e que, diferentemente de anos anteriores, a Casa não ficará submissa ao Executivo. “Esta Mesa não tem subserviência a nenhum poder. Essa foi uma eleição de um grupo independente”, frisou. Wellington Magalhães faz coro: “Não somos office boy do prefeito. Os projetos que ele mandar não vão tramitar igual ele (Lacerda) quer. Esse é o papel do Legislativo”.
Nessa sexta-feira, vereadores afinados com a Mesa Diretora se reuniram com Burguês para definir a participação nas comissões. Participaram Gilson Reis (PCdoB), Dr. Sandro (PCdoB), Leonardo Mattos (PV), Vilmo Gomes (PTdoB), Bim da Ambulância (PTN), Marcelo Álvaro Antônio (PRP), Preto (DEM), Joel Moreira (PTC) e Elvis Cortes (PSDC).
Das nove comissões permanentes da Câmara, duas são fundamentais porque podem barrar os projetos na origem, impedindo-os de ir a plenário: Legislação e Justiça e Orçamento e Finanças Públicas. Para a primeira, dois nomes são cotados: a veterana Elaine Matozinhos (PTB) e o novato Marcelo Álvaro Antônio (PRP). Ambos votaram em Leo Burguês para a presidência da Casa. Matozinhos também é cotada para integrar a Comissão de Meio Ambiente e Política Urbana, a que tem maior importância política. Além dela, cotada para duas importantes comissões, outros vereadores já aparecem bem credenciados nos bastidores. Preto é quase certo na de Desenvolvimento Econômico, Transporte e Sistema Viário, enquanto Bim da Ambulância e Dr. Sandro são nomes fortes para a Comissão de Saúde e Saneamento.
Os selecionados pela Mesa para as comissões se reúnem e votam em um deles para ser o presidente, função que garante visibilidade ao parlamentar. Quem pode se dar bem com a estratégia de dificultar a vida de Lacerda é o PT, partido que desde o rompimento da aliança com o PSB na campanha eleitoral assumiu a postura de principal opositor do prefeito.
O vereador Adriano Ventura (PT) explica que cada um dos seis vereadores da legenda foi indicado para uma comissão: Juninho para Administração Pública, Silvinho Resende para Desenvolvimento Econômico, Transporte e Sistema Viário, Pedro Patrus para Direitos Humanos e Defesa do Consumidor, Tarcísio Caixeta para Meio Ambiente e Política Urbana, Arnaldo Godoy para Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo e o próprio Ventura para Orçamento e Finanças Públicas. De acordo com Ventura, o partido quer duas presidências de comissões: a de orçamento com ele e a da educação com Godoy.
Situação
A bancada do PSB e dos partidos fiéis a Lacerda que votaram em Henrique Braga (PSDB) para presidente do Legislativo também indicam nomes, mas sem entusiasmo. O vereador Daniel Nepomuceno (PSB) entende que pelo tamanho da bancada (seis vereadores) o partido terá que integrar comissões, por uma questão matemática. Como são nove comissões, que têm entre quatro e cinco membros e os seis vereadores da Mesa não podem integrar nenhuma delas, haverá espaço para os socialistas. Porém, eles não nutrem grande expectativa de liderar comissões, além de estarem de fora das negociações com a Mesa. Assim como os petistas, cada parlamentar do PSB foi indicado para uma comissão. O vereador Ronaldo Gontijo (PPS), líder do prefeito na última legislatura, também se credenciou para duas comissões: Educação e Saúde.