Enquanto o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, não distribui os cargos do primeiro e segundo escalões, a Mesa Diretora da Câmara Municipal ensaia táticas para dificultar a tramitação de projetos do Executivo. A estratégia é ocupar as comissões, principalmente as mais importantes, com opositores (PT e PMDB) e com os 21 vereadores que reelegeram Léo Burguês (PSDB) à presidência da Casa.
Quem trabalha nesse sentido é o vice-presidente da Câmara, Welllington Magalhães (PTN), líder de uma bancada de três parlamentares e presidente estadual do partido. Ele ficou chateado com o prefeito que vetou o nome de Pablito (PSDB) – para quem Magalhães fez campanha – à presidência. A justificativa do prefeito, conforme contam seus aliados, foi de que o tucano se aliou ao “grupo do mal”, referindo-se ao líder do PTN. Magalhães foi cassado na última legislatura por distribuir sopão à população carente, mas se elegeu beneficiado com uma série de recursos jurídicos. Insatisfeito, o vereador já deu seu recado. “Não somos office boy do prefeito. Os projetos que ele (Lacerda) mandar não vão tramitar igual ele quer. Esse é o papel do legislativo”, retrucou. O desejo de Magalhães é a Regional Noroeste.
Quem apoia a postura beligerante do vice-presidente é o presidente Leo Burguês: “Não podemos deixar, por exemplo, passar, como da outra vez, a toque de caixa um projeto da importância da Lei de Uso e Ocupação de Solo”, argumentou Burguês. O tucano nega querer prejudicar a PBH. Segundo ele, a ideia da nova Mesa é abrir maior diálogo com a população, sem considerar somente os interesses do Executivo.
Os parlamentares apontam uma série de erros do prefeito, que teriam levado à derrota na eleição da Mesa. Os equívocos demonstram a falta de articulação política de Lacerda. Na avaliação de muitos parlamentares ligados a ele, o prefeito teria conseguido emplacar um nome na presidência da Câmara se tivesse feito o loteamento dos cargos antes das eleições. No entanto, Lacerda preferiu adiar para janeiro a indicação.
Idas e vindas Outros erros são apontados pelos vereadores: Lacerda vetou Pablito, rompendo, na visão dos tucanos, o acordo feito antes das eleições. Depois ele defendeu um nome do seu partido para o cargo, do vereador Daniel Nepomucemo (PSB). Sem sucesso, passou a tentar emplacar Bruno Miranda (PDT), que teve o nome retirado da disputa, pois não teria chances de vencer os tucanos. Com o PSDB, ele provocou mais melindre. Lacerda chegou a cogitar o nome de Leo Burguês, depois desistiu e acatou Henrique Braga, exatamente o único dos três vereadores que a legenda que não vetou
Enquanto a sucessão pegava fogo o prefeito deu férias ao principal articulador político do seu governo, o secretário de Relações Institucionais Marcelo Abi-Saber. As negociações ficaram nas mãos de Josué Valadão, secretário de governo.
Enquanto isso...
…PT pode se dar bem
A oposição declarada ao prefeito Marcio Lacerda (PSB) formada pelos seis vereadores do PT e pelo vereador do PMDB pode ser fortalecida com o racha da base aliada do prefeito. Com a divisão provocada pela eleição da Mesa Diretora um grupo de vereadores que Lacerda contava com o apoio se cacifou e pode trabalhar contra os interesses do executivo. Com essa possibilidade, os petistas e Iran barbosa (PMDB) podem emplacar lideranças nas comissões.