Jornal Estado de Minas

Burguês ouve PT sobre comissões na Câmara de BH

Petistas declararam oposição a Lacerda

Marcelo da Fonseca- enviado especial
Marcelo da Fonseca
Uma semana depois da tumultuada eleição da Mesa Diretora que comandará os trabalhos da Câmara de Belo Horizonte até 2015, os vereadores continuam se movimentando para organizar o novo Legislativo municipal. Com os nomes da Mesa definidos, as articulações agora são para preencher os espaços de maior destaque nas comissões da Casa. Na manhã dessa segunda-feira, o presidente reeleito da Câmara, Leo Burguês (PSDB), reuniu-se com integrantes da bancada do PT e ouviu sugestões sobre a gestão da Casa nos próximos anos, além de receber uma lista com nomes do partido para cada comissão, incluindo indicados para presidir duas delas. A boa vontade do tucano para ouvir demandas dos petistas – bancada que declarou ser oposição ao prefeito Marcio Lacerda – reforça a posição tomada pela nova direção de limitar o alcance de articulação da prefeitura dentro da Casa. Apesar de descartar qualquer tipo de ação para mobilizar um grupo contrário à PBH, Burguês mantém um tom duro em relação às próximas negociações entre os poderes.

Desde a eleição da Mesa, a relação entre Burguês e Lacerda passa por turbulências. Ao indicar o nome de Bruno Miranda (PDT) como candidato apoiado pela prefeitura e, depois de confirmado que Miranda não teria os 21 votos necessários para vencer o pleito, transferir seu apoio para outro parlamentar do PSDB – o vereador Henrique Braga –, o prefeito desagradou o grupo de Burguês, que considerou excessiva a intervenção da PBH no processo eleitoral da Casa. Reeleito para o biênio 2013-2014, o tucano foi logo avisando que “os projetos que ele (Lacerda) indicar não vão tramitar como ele quer”. A postura da nova Mesa rompe com uma relação de tranquilidade entre o Legislativo e o Executivo municipal que vigorou nos últimos anos, quando a base de apoio a Lacerda era ampla maioria.

“Minha função é dar condições (de trabalho) para os vereadores, e os integrantes do PT são fundamentais para o andamento da Casa. Não tenho nada a ver com oposição ou situação, quem tem a ver com interesses do Executivo é o líder de governo”, afirmou Burguês. Apesar de descartar qualquer tipo de aliança para a formação de um bloco de oposição entre a bancada do PT e o grupo dos partidos nanicos responsável pela eleição de Burguês, os petistas notaram uma diferença no tratamento recebido ontem por parte do tucano. “O que nos deixa tranquilos é que ele já afirmou que nesta gestão vai envolver vários grupos que fazem parte da Casa nas discussões sobre a gestão. Pelo menos notamos que ele esteve mais atencioso, o que foi totalmente diferente ao longo da primeira gestão”, explica o vereador Adriano Ventura (PT).

O tucano, no entanto, rebateu as acusações de que teria priorizado apenas um grupo nos últimos anos e citou como exemplo de que isso não teria ocorrido a negociação para que o PT assumisse duas comissões na última legislatura: “Eles votaram contra na eleição passada e fui eu o responsável para que o PT garantisse as duas presidências de comissões. Muitos disseram que eu deveria impedir isso, mas, como eles tinham a maior bancada, era o espaço que deveriam ocupar”. Burguês reforçou que recebeu também demandas de outros partidos e que deixará de lado as divergências eleitorais para discutir o espaço de cada legenda e grupo na Câmara.