Marcelo da Fonseca
Uma semana depois da tumultuada eleição da Mesa Diretora que comandará os trabalhos da Câmara de Belo Horizonte até 2015, os vereadores continuam se movimentando para organizar o novo Legislativo municipal. Com os nomes da Mesa definidos, as articulações agora são para preencher os espaços de maior destaque nas comissões da Casa. Na manhã dessa segunda-feira, o presidente reeleito da Câmara, Leo Burguês (PSDB), reuniu-se com integrantes da bancada do PT e ouviu sugestões sobre a gestão da Casa nos próximos anos, além de receber uma lista com nomes do partido para cada comissão, incluindo indicados para presidir duas delas. A boa vontade do tucano para ouvir demandas dos petistas – bancada que declarou ser oposição ao prefeito Marcio Lacerda – reforça a posição tomada pela nova direção de limitar o alcance de articulação da prefeitura dentro da Casa. Apesar de descartar qualquer tipo de ação para mobilizar um grupo contrário à PBH, Burguês mantém um tom duro em relação às próximas negociações entre os poderes.
“Minha função é dar condições (de trabalho) para os vereadores, e os integrantes do PT são fundamentais para o andamento da Casa. Não tenho nada a ver com oposição ou situação, quem tem a ver com interesses do Executivo é o líder de governo”, afirmou Burguês. Apesar de descartar qualquer tipo de aliança para a formação de um bloco de oposição entre a bancada do PT e o grupo dos partidos nanicos responsável pela eleição de Burguês, os petistas notaram uma diferença no tratamento recebido ontem por parte do tucano. “O que nos deixa tranquilos é que ele já afirmou que nesta gestão vai envolver vários grupos que fazem parte da Casa nas discussões sobre a gestão. Pelo menos notamos que ele esteve mais atencioso, o que foi totalmente diferente ao longo da primeira gestão”, explica o vereador Adriano Ventura (PT).
O tucano, no entanto, rebateu as acusações de que teria priorizado apenas um grupo nos últimos anos e citou como exemplo de que isso não teria ocorrido a negociação para que o PT assumisse duas comissões na última legislatura: “Eles votaram contra na eleição passada e fui eu o responsável para que o PT garantisse as duas presidências de comissões. Muitos disseram que eu deveria impedir isso, mas, como eles tinham a maior bancada, era o espaço que deveriam ocupar”. Burguês reforçou que recebeu também demandas de outros partidos e que deixará de lado as divergências eleitorais para discutir o espaço de cada legenda e grupo na Câmara.