Com os patrões de férias, não tem faltado serviço para os funcionários de alguns gabinetes na Assembleia Legislativa. É que, com a saída de cinco parlamentares que foram eleitos para comandar prefeituras de Minas Gerais, as trocas de gabinetes têm movimentado os corredores do Legislativo estadual em janeiro. Em busca de melhores espaços, os deputados estaduais que já estão exercendo o mandato correm na frente para “herdar” os locais dos colegas que estão saindo. Os suplentes que chegam ficam com o que sobrou da divisão.
O ex-gabinete do agora vice-prefeito de Belo Horizonte, Délio Malheiros (PV), era ontem um amontoado de caixas e móveis fora de lugar. A equipe do ex-deputado retirava o material para receber o futuro dono, que seria Rômulo Veneroso (PV), mas houve uma mudança antes da troca e agora quem ficará com o gabinete de Délio será o suplente dele, Juarez Távora. O combinado foi desfeito porque o secretário estadual de Turismo, Agostinho Patrus Filho (PV), pediu que Veneroso ficasse com a sala que era dele, segurando a vaga para quando ele voltar ao Legislativo. Com isso, Távora, que iria para o gabinete de Agostinho Patrus, teve de se instalar no de Délio, pois lá a vaga é definitiva, já que ele renunciou ao cargo. A motivação é afetiva, uma vez que o local foi utilizado pelo pai, Agostinho Patrus, já falecido.
Outra troca por motivos familiares foi feita entre os deputados estaduais Lafayette Andrada (PSDB) e Tadeu Martins Leite (PMDB). Os dois, que nem participaram das eleições municipais de outubro, foram um para o gabinete do outro, mudando apenas de andar (ambos no edifício sede), porque Andrada queria ficar com o espaço que o tio Bonifácio Andrada ocupou por muitos anos.
Quem aproveitou a saída do prefeito eleito de Juiz de Fora, Bruno Siqueira (PMDB) , foi o deputado estadual Rômulo Viegas (PSDB), que ficava no quinto andar do Edifício Tiradentes. Ele pediu ao peemedebista e, com isso, passou seu gabinete para o suplente Leonídio Bouças (PMDB), que toma posse em fevereiro. “O gabinete tem um espaço melhor do que o meu. Quando chegamos, a orientação era que os deputados com mandato tinham direito de escolher e o restante teria sorteio. Agora nos informaram que poderíamos mudar e o Bruno aceitou a troca”, explicou Viegas.
A saída do peemedebista Antônio Júlio, eleito prefeito de Pará de Minas, serviu para mais uma rodada de trocas. Quem ficou com o gabinete dele foi o colega de partido Sávio Souza Cruz, que alegou querer trabalhar mais próximo do plenário. Para o espaço de Sávio, que era no segundo andar, foi a deputada Ana Maria (PSDB), que deixou o gabinete para o suplente de Antônio Júlio, que na verdade é Cabo Júlio (PMDB). Não houve muita mudança para o suplente Juninho Araújo (PTB). Com a saída de Delvito Alves (PTB), que virou prefeito de Unaí, ele volta para o gabinete do colega de partido, que antes já havia sido dele – por ser o segundo suplente da coligação PTB/PSB, Juninho ocupou a vaga até outubro, enquanto Braulio Braz atuava como secretário de Estado.
Segundo o diretor-geral-adjunto da Assembleia, Evamar José dos Santos, as mudanças internas não trazem custo e não fazem muita diferença. “Os gabinetes têm aproximadamente 90 metros quadrados cada, então o espaço interno é o mesmo. O que muda é que alguns têm janela para fora e outros não, aí os deputados geralmente preferem os primeiros. Ou então por questões mais afetivas, como no caso de Lafayette e de Agostinho Patrus”, disse.