Jornal Estado de Minas

Hacker volta a atacar e revela dados de Lula, Maluf e até de ministro do STF

Depois dos petistas condenados no mensalão e do contraventor Carlos Cachoeira, o alvo agora foi Lula, Aécio, Renan Calheiros, Paulo Maluf e o ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewasdowski

Marcelo Ernesto - Enviado especial a Curitiba

Dois dias depois vazar na rede, por meio do microblog twitter, dados pessoais de condenados no processo do mensalão (endereços, telelefones, CPFs etc), um racker identificado por @nbdu1nder cumpriu a promessa e tornou pública, nesta quinta-feira, também no twitter, informações semelhantes sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), dos senadores Aécio Neves (PSDB) e Renan Calheiros (PMDB), o deputado federal Paulo Maulf (PP), e do ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewasdowski.

Na última terça-feira, pela rede, esse mesmo hacker disse que postaria também os dados de outras lideranças políticas e do judiciário. Na terça, os políticos que tiveram sua privacidade invadida foram o deputado e ex-presidente do PT, José Genoíno, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT) e o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) pelo envolvimento no esquema do mensalão.

Além dos petistas, o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, condenado por envolvimento no esquema de fraudes descoberto por operações da Polícia Federal, também foi alvo de devassa na rede.

Informações “sigilosas”


Além de divulgar dados como CPF, RG, endereços, email e telefones, o usuário @nbdu1nder, ainda tece uma série de críticas aos parlamentares envolvidos no esquema de favorecimentos para votar projetos na Câmara dos Deputados, durante o primeiro governo do ex-presidente Lula. Segundo o hacker, o país viveu momentos difíceis de esquecer. “O Brasil viveu um dos momentos mais constrangedores de sua história, não apenas por assistir a posse na Câmara dos Deputados de um corrupto e quadrilheiro condenado a seis anos e onze meses de prisão, mas pelo fato dele ter sido aplaudido por boa parte dos parlamentares, entre eles todos os petistas, como se fosse um herói nacional”, salientou o hacker que afirmou que está na hora da população sair as ruas para protestar.

Na mensagem, o protestante virtual ataca principalmente José Genoíno - que assumiu o cargo de deputado na semana passada. “Como prêmio, antes da decisão final sobre seu justo encarceramento, o petista corrupto receberá dinheiro oriundo de nossos impostos durante o período em que certamente trabalhará para favorecer os semelhantes em Brasília, em detrimento de um povo calado e omisso, que assiste a tudo, despolitizado e com a falta de coragem necessária para ao menos protestar contra a barbaridade”, ataca.

De acordo com especialistas em crimes digitais, esse tipo de postagens só podem ser consideradas ato ilícito passível de punição legal se for feita sem o consentimento dos interessados.

Petistas


José Genoino foi condenado por formação de quadrilha e corrupção ativa no processo do mensalão. O deputado foi condenado a 6 anos e 11 meses de prisão em regime semiaberto, mas os advogados ainda podem apresentar recursos. O STF decidiu que os parlamentares condenados em ação penal terão seus mandatos cassados automaticamente após a publicação da sentença.

A pena do ex-ministro chefe da Casa Civil, José Dirceu (PT), ficou definida em 10 anos e 10 meses de prisão. Dirceu foi condenado pelos crimes de formação de quadrilha e corrupção ativa. Já Délubio Soares, ex-tesoureiro do PT, foi condenado pelo Supremo a oito anos e 11 meses de prisão também por formação de quadrilha e corrupção ativa.

O advogado de Dirceu, José Luis Mendes de Oliveira Lima, acenou que tomará medidas judiciais. "Sim (tomaremos providências) se a ilegalidade tiver sido cometida contra meu cliente", afirmou. As defesas de Genoino e de Soares não se posicionaram.

Cachoeira

Já o usuário que se identifica na rede como Artur Alves, disponibilizou os dados de Cachoeira. No link compartilhado foi divulgada a data de nascimento, CPF, RG, telefone, nome completo, além do nome da mãe e do pai do contraventor. Cachoeira foi condenado por formação de quadrilha e tráfico de influência na Operação Saint Michel, e réu em outros três processos.