O encontro entre o prefeito Marcio Lacerda (PSB) e o presidente da Câmara de Belo Horizonte (CMBH), Léo Burguês (PSDB) foi para apaziguar a então rivalidade entre Legislativo e Executivo. Em um clima de “bons amigos”, o socialista e o tucano saíram da reunião com o discurso afinado de que não existe animosidade na relação. “Essa foi uma visita de cortesia, mas também uma visita institucional entre os dois poderes para discutir o relacionamento, a cooperação madura, democrática e republicana em benefício da cidade”, afirmou Lacerda, logo após o encontro. No mesmo tom, Burguês afirmou que a “Mesa está com o prefeito”. Diferentemente do clima de amizade de hoje, nos bastidores a história não foi sempre essa.Um dia antes da posse da nova legislatura, que ocorreu no dia primeiro deste mês, o presidente estadual do PSDB, deputado federal Marcus Pestana, disse que ele e o prefeito da capital haviam convergido para o nome de Henrique Braga (PSDB) para a presidência da Casa. Apesar disso, Pestana já sinalizava que poderia haver um racha devido a “certa divergência” em relação ao nome de Burguês. Com 21 votos a favor, 14 contra, quatro abstenções e duas ausências, Burguês acabou derrotando o colega de partido Henrique Braga, em uma eleição marcada por polêmicas, tensão e até briga entre simpatizantes dos dois candidatos.

Ainda no dia da posse, o tucano, que conseguiu mais dois anos à frente do Legislativo municipal, prometeu uma Casa mais independente. “O que vai acontecer é que ele (Lacerda) vai ter que conversar mais, fazer reuniões mais longas para aprovar um projeto”, afirmou Burguês. Contudo, nesta quarta-feira, o presidente da Câmara Municipal retrocedeu e preferiu um tom mais ameno. “Tem-se falando muito em arestas no PSDB, não tenho visto aresta com PSDB, inclusive, conversei com o Pestana antes de vir pra cá. Ele saiu muito satisfeito com a conversa que teve com o prefeito. Estamos juntos trabalhando em uma agenda de interesses da cidade de Belo Horizonte”, ressaltou.

Ainda segundo Marcio Lacerda, a independência entre os poderes é natural. “O vereador é eleito para discutir, apresentar projetos e fiscalizar o Executivo”, salientou. Nessa terça-feira, o socialista disse que não considerava a vitória do tucano como uma “derrota” do PSB ou pessoal dele e destacou que a não vê mais dificuldade na tramitação de projetos. “Nunca tivemos maioria automática na Câmara. Não foi uma vida fácil no primeiro mandato. Os projetos sempre foram muito discutidos e até modificados”, destacou