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Um dos mais tradicionais e famosos carnavais do estado, Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, sofre com a perspectiva de ser obrigada a fazer uma festa mais modesta. Depois de decretar estado de emergência no dia 10 por ter herdado uma dívida de cerca de R$ 3,5 milhões, o prefeito interino, Maurício Maia (PSDB), passou a articular com empresários locais e com o governo do estado meios para garantir que a folia aconteça com segurança e com a enorme estrutura que a festa demanda. Ele assumiu a prefeitura no lugar de Paulo Célio, também do PSDB, que foi impedido de tomar posse devido ao indeferimento da candidatura do vice-prefeito eleito, Gustavo Botelho (PP). O Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MG) anunciou ontem que novas eleições para a prefeitura ocorrerão em 7 de abril.
Segundo o deputado federal Marcus Pestana, presidente estadual do PSDB, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e a Copasa devem entrar com patrocínio. “O governador já foi acionado, e o secretário de Turismo, Agostinho Patrus, está cuidando do assunto. Vai depender do governo tentar o patrocínio de alguma entidade privada”, afirma ele.
Uma das mais famosas festas do estado entre os jovens, a de Abaeté, no Centro-Oeste, também está garantida, mas ela tem razão de não ser afetada pela crise dos municípios. É que na cidade, quem financia o carnaval é um empresário local. Para este ano, está previsto show dos sertanejos Fernando e Sorocaba. “Vamos ter um carnaval modesto, mas vamos ter”, disse o prefeito Armandinho (DEM), que também acaba de chegar ao Executivo. Em Juiz de Fora, na Zona da Mata, as escolas de samba vão desfilar. Segundo o prefeito estreante Bruno Siqueira (PMDB), apesar de ter herdado uma dívida de R$ 33 milhões da gestão anterior, a verba para o carnaval já estava garantida. “A situação da cidade não é confortável de um modo geral mas é administrável.”
O prefeito de Sabará, Diógenes Fantini (PMDB), promete um carnaval simples, para a comunidade local e reclama: “O governo do estado devia dar um maior apoio para os carnavais tradicionais”. Ele garante que, mesmo com as dívidas herdadas, a festa vai acontecer. Ela deve custar em torno de R$ 300 mil, um valor muito menor do que o do ano passado, segundo Fantini. Em Esmeraldas, na Grande BH, o prefeito Glacialdo de Souza (PT) também argumenta que, mesmo com as dívidas, a folia é muito importante para a população local e tem que acontecer.
De olho nos 'órfãos'
Enquanto a crise desfalca alguns, os municípios que mantêm o carnaval esperam ganhar novos adeptos com o cancelamento de festas tradicionais. Em Pirapora, no Norte do estado, a cidade acredita que o número de foliões vá superar, e muito, os cerca de 30 mil a 40 mil que geralmente optam por lá. A cidade se prepara para receber os turistas e oferecer atrações, além da música e dos blocos de rua, tudo nas praias do Rio São Francisco. E a cidade corre contra o tempo. O secretário de Turismo, Alberto Trincanato, afirmou que vai entregar a programação ainda neste fim de semana para tentar atrair as pessoas que ainda não decidiram onde vão passar o carnaval.
“Geralmente recebemos até 40 mil foliões, mas pensamos que este ano vai ser mais, porque cidades como Diamantina, Sabará e muitas outras não tiveram muito tempo de se organizar. Estamos entendendo que muita gente não vai marcar seu carnaval em cidades tradicionais e a gente pode receber um público maior”, afirmou o secretário de Pirapora.
Mesmo com a prefeitura endividada, São João del-Rei, na Região Central, comemora 300 anos em 2013 e o secretário Municipal de Cultura, Pedro Leão, promete uma grande festa para celebrar a ocasião. O carnaval da cidade deve custar em torno de R$ 600 mil.