Alice Maciel

O prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), deu sinais ontem, depois de reunião na prefeitura com o presidente reeleito da Câmara Municipal, Léo Burguês (PSDB), de que vai atender um dos pedidos dos tucanos e dar o comando de uma secretaria ao deputado estadual João Leite (PSDB). A pasta, no entanto, não será a de Obras, como gostaria o parlamentar e seu partido. Segundo informações de bastidores, há possibilidade de João Leite assumir a Secretaria de Políticas Sociais, que seria de grande importância para os tucanos avançarem na área social, hoje vinculada principalmente, ao PT; a de Segurança Urbana e Patrimonial, já que o deputado é ligado à área e preside a Comissão de Segurança Pública na Assembleia, ou a Extraordinária da Copa do Mundo, criada no fim do ano passado.

Além de ter sido jogador de futebol, João Leite chegou a ser cotado para ocupar no governo do estado a Secretaria da Copa do Mundo, mas o governador nomeou Tiago Lacerda, filho do prefeito Marcio Lacerda. Abrigar João Leite na pasta municipal que vai cuidar da Copa “seria uma maneira de Lacerda recompensar o parlamentar”, segundo avaliou uma fonte ligada às negociações. O deputado queria mesmo era a Secretaria de Obras, mas já teria sido vetado pelo prefeito, que deve manter o secretário atual, José Lauro Nogueira Terror.

Ao ser questionado sobre a possibilidade de o deputado assumir a pasta de Obras, Lacerda deixou escapar: “Neste momento o secretário de Obras sou eu. Estou meio agarrado nesse projeto aí”. O prefeito contou que já se reuniu com João Leite. “É uma pessoa de muita experiência, muito vinculada à cidade, muito idealista. Não teremos dificuldade em nomeá-lo, desde que a gente encontre um cargo que seja de interesse de todas as partes.”

Segundo Lacerda, a definição dos cargos do PSDB ainda depende de um encontro com o senador Aécio Neves (PSDB). O prefeito afirmou que a reunião estava marcada para a semana passada, mas foi cancelada. “Então eu vou ter que esperar o retorno dele de férias depois do dia 25 para a gente poder avançar as conversas”, acrescentou.

Lacerda ressaltou ontem que não vai conseguir atender a demanda de todos os 19 partidos que o apoiaram na eleição. “Essa demanda não cabe na prefeitura, naturalmente. Mas isso é normal, em todos os governos, em todo início de governo”, acrescentou. Segundo ele, a prioridade é a governabilidade. “A governabilidade no sentido de a prefeitura funcionar melhor e também no sentido da relação com o Legislativo, da relação com a cidade”, explicou.

APROXIMAÇÃO Se até ontem o discurso da Mesa diretora da Câmara Municipal de Belo Horizonte era de “independência em relação à prefeitura e menos submissão ao Executivo”, na frente do prefeito Marcio Lacerda o presidente da Câmara, Léo Burguês, adotou um discurso de aproximação. Ao ser questionado se a Mesa é da base do governo, Burguês respondeu: “Com certeza, antes de vir para cá, conversei com vários integrantes da Mesa, e ontem à noite conversei com vários vereadores. Todos eles pediram para mandar a mesma mensagem para o prefeito Marcio Lacerda, que todos estão aí para poder colaborar com a cidade de Belo Horizonte”.