A Comissão da Verdade da União Nacional dos Estudantes (UNE) poderá se tornar mais uma parceira da Comissão Nacional da Verdade (CNV). Nesta sexta-feira, a UNE lança a própria comissão para investigar, apurar e esclarecer casos de morte e tortura de pelo menos 46 dirigentes da entidade. O coordenador da CNV, Cláudio Fonteles, estará presente no lançamento para conhecer as diretrizes do grupo e decidir a inclusão da comissão entre as cooperações nas investigações.
“O silêncio é alimentado pelo tempo, tem sede da própria velhice. Quanto mais demora, mais forte e poderoso se torna”, informou a UNE em nota. É para combater esse tempo e poder que a instituição decide investigar crimes cometidos durante a ditadura militar (1964-1985) contra os estudantes.
Um dos casos é o de Honestino Guimarães, desaparecido durante a ditadura. Os órgãos responsáveis pelas prisões admitiram terem prendido o estudante, mas ele não teria sido visto por outros presos. A família ainda não sabe o que aconteceu com ele.
Antes disso, Honestino foi preso outras cinco vezes. Uma delas, no dia 29 de agosto de 1968, 20 dias após seu casamento, na Universidade de Brasília (UnB). Honestino foi presidente da Federação dos Estudantes Universitários de Brasília (FEUB) e, depois, presidente da UNE.
A nova comissão será lançada em Recife (PE), na abertura da reunião do 14º Conselho Nacional de Entidades de Base (Coneb) da UNE. Confirmaram presença, além de Fonteles, o ex-ministro dos Direitos Humanos, Paulo Vanucchi, e o presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão. O sobrinho de Honestino Guimarães, Mateus Guimarães, também estará na cerimônia. Para o encontro, que ocorre de 18 a 21 de janeiro, a UNE recebeu a inscrição recorde de mais de 3,5 mil entidades de todas as regiões do país.