A principal fonte de arrecadação da maioria das prefeituras brasileiras – o Fundo de Participação dos Municípios (FPM) – teve a primeira e maior parcela zerada este mês para 387 cidades de 24 estados. Em Minas Gerais, 27 municípios não receberam nada em janeiro. Nesses locais, a verba repassada pela União foi retida para pagar dívidas municipais com a Previdência ou a Receita Federal. O levantamento foi feito pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), que alerta para a possibilidade de caos, já que a maioria das cidades atravessa crise financeira.
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Prefeitos pedem a aprovação do projeto que muda os critérios de repasse do FPMDivulgação do Censo provoca mudanças na distribuição do FPMPrefeito anda 176 km em protesto contra queda no FPMMinistra diz que prefeituras são principais parceiras do Brasil sem misériaSegundo o dirigente, cerca de 4,9 mil municípios brasileiros devem aproximadamente R$ 25 bilhões aos cofres da União por questões previdenciárias, mas eles também teriam a receber do governo federal outros R$ 30 bilhões relativos, dentre outras coisas, a uma decisão do Supremo Tribunal Federal de que o débito previdenciário seria prescrito em cinco e não em 10 anos. “Quando o Supremo decidiu isso tinha que se reduzir essa dívida à metade e não foi feito. Além disso, eles retêm o FPM para cobrar nossa dívida, mas não pagam a deles”, afirma Ziulkoski.
O cenário nas prefeituras é de caos, segundo o presidente da CNM, especialmente neste início de ano. “O FPM é a principal fonte de arrecadação da maioria dos municípios, isso só vai aprofundar a crise”, disse. A CNM propõe um encontro de contas entre prefeituras e União para solucionar o problema. Segundo Ziulkoski, isso já foi pedido, mas o Executivo federal vetou proposta nesse sentido no Congresso.
Para o presidente da AMM, Ângelo Roncalli, o débito no FPM ocorreu porque muitos municípios mineiros não conseguiram aderir à renegociação de suas dívidas com o governo federal. “Saiu uma portaria e uma medida provisória no fim do ano e muitos não tiveram a oportunidade por ser fim de mandato. Os que tiveram os recursos bloqueados no início da gestão vão ficar em uma dificuldade enorme, e nossa orientação é que procurem a Receita Federal para avaliar os seus casos”, afirmou.
Além das dívidas previdenciárias, que se arrastam por 20 anos em alguns casos, o presidente da AMM acredita que o débito do FPM tenha ocorrido por outras despesas assumidas pelos prefeitos, como o parcelamento para compra de máquinas e equipamentos, por exemplo, que pode durar 48 meses. Roncalli afirmou que a AMM ainda está fazendo um levantamento para saber quantos prefeitos em Minas Gerais estão endividados neste início de gestão, mas defendeu os antigos gestores. “Existem alguns casos de fim de mandato em que os prefeitos deixaram de fazer a coleta e uma série de serviços, mas cada caso é um. Não são dívidas dos ex-prefeitos, são dívidas dos municípios que têm de ser sanadas de acordo com a execução orçamentária”, afirmou.
Entre os municípios que receberam o FPM zero estão 79 de São Paulo, 44 no Piauí e 32 no Rio Grande do Norte. O levantamento da CNM mostra que Acre, Pará e Roraima não tiveram nenhuma prefeitura com o fundo zerado.