Jornal Estado de Minas

Léo Burguês determina escolha dos dirigentes das comissões da Câmara de BH

Alice Maciel

Depois de uma reunião que durou cerca de três horas, os vereadores da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Belo Horizonte definiram nessa quinta-feira a composição das comissões na Câmara Municipal de Belo Horizonte. A estratégia de ocupar as mais importantes com opositores (PT e PMDB) do prefeito Marcio Lacerda (PSB) e com os 21 vereadores que reelegeram Léo Burguês à Presidência da Casa foi colocada em prática. Com isso, a Mesa tem mais artifícios para dificultar a tramitação de projetos do Executivo. A distribuição, no entanto, não agradou a alguns parlamentares, aumentando ainda mais as divergências entre os vereadores. A presidência das comissões é definida pela maioria dos membros, mas algumas já estão predefinidas a partir de articulações entre os parlamentares.

O PSB ganhou, segundo Léo Burguês, todas as comissões que quis. Os seis vereadores foram distribuídos em cinco comissões (veja quadro), porém só devem ficar com a presidência de uma. Os socialistas tinham nas mãos, na Legislatura passada, a comissão mais cobiçada, a de Legislação e Justiça, presidida pelo vereador Daniel Nepomuceno. Ela tem o poder de barrar os projetos na origem impedindo-os de ir a plenário. Agora, quem vai ficar com ela, segundo informações de bastidores, é o vereador novato Marcelo Álvaro Antônio, do PRP, partido presidido pelo pai do deputado federal Luis Tibé (PTdoB), Tibelindo Soares Resende.

Outra comissão de peso, porque pode barrar os projetos, é a de Orçamento e Finanças Públicas. Para ela foram nomeados dois vereadores do PT, Adriano Ventura e Tarcísio Caixeta, Gilson Reis (PCdoB) e Henrique Braga (PSDB). Ventura é um dos cotados para assumir a direção. Tanto Caixeta quanto Gilson Reis não queriam ir para essa comissão. O primeiro queria a de Meio Ambiente e Reis, que é da área de educação e foi presidente do Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais (Sinpro-Minas), queria ir para a de Educação. Essa foi a comissão que a Mesa recebeu mais pedidos, seis, para três vagas. Algumas entidades ligadas à área protocolaram ontem um pedido formal ao presidente para que o vereador Gilson Reis assuma uma cadeira na comissão..

Quem ficou com ela foram os vereadores Pelé do Volei (PtdoB), do grupo do Léo Burguês, Arnaldo Godoy e Ronaldo Gontijo. Já na Comissão de Meio Ambiente, a que Caixeta queria, que tem maior importância política, foram nomeados três vereadores que votaram em Burguês: Autair Gomes, Iran Barbosa e Elaine Matozinhos, que deve assumir a presidência. Nas cinco vagas da comissão de Desenvolvimento, o presidente da Casa colocou quatro aliados, com exceção de Silvinho Rezende. Com isso, o grupo deve garantir a eleição do vereador Preto para a presidência. Já a de Administração deve ser comandada por Juninho (PT) e a da Saúde, Bim da Ambulância.

Polêmica

Informações de bastidores dão conta de que os outros membros da Mesa Diretora não ficaram satisfeitos com o fato de Léo Burguês ter ido sozinho, na quarta-feira, em uma reunião com o prefeito Marcio Lacerda (PSB). “Nós tememos a possibilidade dele ter comprometido a autonomia da Mesa”, ressaltou um integrante. Se o discurso de Burguês era o de independência, na frente do prefeito foi de aproximação. O tucano disse ontem não ter recebido reclamações dos colegas.

- Foto: