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Estado de Minas

Porta aberta para não concursados em hospital de Barbacena

Garantia de vagas na direção de hospital para funcionários de carreira é suspensa


postado em 21/01/2013 06:00 / atualizado em 21/01/2013 07:57

Juliana Cipriani

Com uma mãozinha do irmão, o deputado estadual Lafayette Andrada (PSDB), o prefeito de Barbacena, Antônio Carlos Andrada (PSDB), começou o mandato transformando cargos até então restritos a servidores efetivos em vagas para qualquer indicado ocupar, independentemente de ter prestado concurso público. A mudança na composição da direção e dos cargos de chefia, assessoramento técnico ou especializado, supervisão e coordenação do Hospital Regional de Barbacena, que integra a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), foi aprovada por emenda a um projeto do governo mineiro que criou gratificações no sistema de saúde.

Quando ainda estava em campanha para a prefeitura, Antônio Andrada pediu ao irmão que viabilizasse a transformação das vagas, o que foi feito durante a tramitação do projeto em segundo turno na Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária da Assembleia Legislativa. A Comissão aprovou a matéria em 14 de novembro, e o plenário no dia 20 do mesmo mês. Pela lei delegada de 2007 que tratava das vagas, elas eram de recrutamento limitado. Ou seja, a nomeação era feita pelo Executivo estadual, mas os indicados tinham de ser escolhidos somente entre os funcionários de carreira. Em carta ao Estado de Minas, funcionários do hospital se manifestaram indignados, dizendo que o hospital poderia virar “um reduto de empreguismo e conchavos políticos”.

Há divergências sobre a medida entre representantes sindicais. O coordenador-geral do Sindsaúde, RenatoBarros, criticou a mudança, que, segundo ele, é contrária ao que prega o sindicato. “É uma luta histórica dos trabalhadores que sejam colocados nos cargos de direção somente profissionais de dentro do sistema, que o conhecem bem. Com essa mudança, é possível colocar pessoas por razões políticas, sem conhecimento da área”, afirmou.

Já o diretor do núcleo do Sindsaúde em Barbacena, Pedro Vitorino, que é funcionário do hospital e apoiou a eleição de Antônio Andrada, afirma ser favorável à medida, apesar de a alteração beneficiar os não concursados. Ele argumenta que o hospital e o centro psiquiátrico vêm sendo sucateados e que a maioria dos servidores está pedindo aposentadoria. “Concordamos plenamente. É preciso parar de manter um pessoal que está eternizado na direção do hospital, que está sendo mal avaliado e não leva atendimento à população”, disse. Segundo Vitorino, o líder do Sindsaúde Renato Barros não procurou saber da situação local. “A direção fica em BH e se preocupa mais com as questões da capital, não se preocupa com o interior. Por isso temos os núcleos regionais, como aqui. Somos independentes em nossas decisões”, disse o dirigente. Ainda segundo Vitorino, são poucos os cargos atingidos pela medida.

O prefeito Antônio Andrada atribuiu as críticas à decisão ao corporativismo e disse que a abertura das vagas a qualquer pessoa amplia as possibilidades de contratar alguém competente. “O que quero é fazer o hospital funcionar, porque hoje ele não atende a população de Barbacena”, disse. Apesar de lembrar que quem nomeia as chefias é o Executivo estadual ou a Fhemig, Andrada admitiu que pode indicar alguém para comandar a instituição. “Indico 300 cargos em comissão, por que não posso sugerir o nome? Qual o problema de fazer isso se sou eu que vou coordenar essa parceria entre estado e município para melhorar a saúde na cidade? Eventualmente, (o indicado) pode ser um servidor da Fhemig, vai depender do perfil”, argumentou. O irmão de Andrada, deputado Lafayette, foi procurado pela reportagem mas não retornou a ligação.


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