Juliana Cipriani
Com uma mãozinha do irmão, o deputado estadual Lafayette Andrada (PSDB), o prefeito de Barbacena, Antônio Carlos Andrada (PSDB), começou o mandato transformando cargos até então restritos a servidores efetivos em vagas para qualquer indicado ocupar, independentemente de ter prestado concurso público. A mudança na composição da direção e dos cargos de chefia, assessoramento técnico ou especializado, supervisão e coordenação do Hospital Regional de Barbacena, que integra a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), foi aprovada por emenda a um projeto do governo mineiro que criou gratificações no sistema de saúde.
Há divergências sobre a medida entre representantes sindicais. O coordenador-geral do Sindsaúde, RenatoBarros, criticou a mudança, que, segundo ele, é contrária ao que prega o sindicato. “É uma luta histórica dos trabalhadores que sejam colocados nos cargos de direção somente profissionais de dentro do sistema, que o conhecem bem. Com essa mudança, é possível colocar pessoas por razões políticas, sem conhecimento da área”, afirmou.
Já o diretor do núcleo do Sindsaúde em Barbacena, Pedro Vitorino, que é funcionário do hospital e apoiou a eleição de Antônio Andrada, afirma ser favorável à medida, apesar de a alteração beneficiar os não concursados. Ele argumenta que o hospital e o centro psiquiátrico vêm sendo sucateados e que a maioria dos servidores está pedindo aposentadoria. “Concordamos plenamente. É preciso parar de manter um pessoal que está eternizado na direção do hospital, que está sendo mal avaliado e não leva atendimento à população”, disse. Segundo Vitorino, o líder do Sindsaúde Renato Barros não procurou saber da situação local. “A direção fica em BH e se preocupa mais com as questões da capital, não se preocupa com o interior. Por isso temos os núcleos regionais, como aqui. Somos independentes em nossas decisões”, disse o dirigente. Ainda segundo Vitorino, são poucos os cargos atingidos pela medida.
O prefeito Antônio Andrada atribuiu as críticas à decisão ao corporativismo e disse que a abertura das vagas a qualquer pessoa amplia as possibilidades de contratar alguém competente. “O que quero é fazer o hospital funcionar, porque hoje ele não atende a população de Barbacena”, disse. Apesar de lembrar que quem nomeia as chefias é o Executivo estadual ou a Fhemig, Andrada admitiu que pode indicar alguém para comandar a instituição. “Indico 300 cargos em comissão, por que não posso sugerir o nome? Qual o problema de fazer isso se sou eu que vou coordenar essa parceria entre estado e município para melhorar a saúde na cidade? Eventualmente, (o indicado) pode ser um servidor da Fhemig, vai depender do perfil”, argumentou. O irmão de Andrada, deputado Lafayette, foi procurado pela reportagem mas não retornou a ligação.