Assim que se encerrar o costumeiro rebuliço das eleições para as mesas diretoras da Câmara e do Senado, as duas Casas vão se debruçar sobre um volume de reformas legais como não se via no Legislativo desde as assembleias constituintes. O Congresso se prepara para finalizar este ano reformas em nada menos do que seis códigos legais, com mudanças que englobam desde regras para escutas telefônicas até a descriminalização do porte de drogas e a legalização da ortotanásia.
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Brasil precisa de reformas para superar pobreza extrema Sarney abre comissão que irá discutir reformas políticas e tributáriasRedução da maioridade penal volta a ser discutida com o fim do recesso parlamentarSenador está preocupado com demora para implantação do novo Código FlorestalA mais polêmica, mas também a mais próxima de ser apreciada em plenário, é a proposta de reforma do Código Penal, que tramita na Câmara. Em novembro, a Comissão de Constituição e Justiça da Casa aprovou nove de 10 anteprojetos que alteram o código e serão reunidos em um projeto de lei. Esse texto será analisado no plenário, provavelmente ainda este ano.
Entre as mudanças que serão debatidas está a elevação de seis para oito anos na pena mínima de prisão para o crime de homicídio, que também ganha novas qualificações, com possibilidade de ampliar a pena em até um terço. Extremamente debatido durante o julgamento do mensalão, o crime de corrupção deixaria de ser dividido em passivo e ativo, o que facilitaria o enquadramento de indiciados. O crime de tráfico de influência também pode sofrer uma mudança significativa, com a pena máxima subindo de um ano, como é hoje, para cinco anos.
Ficou de fora o texto que estabelece critérios objetivos para diferenciar usuários de traficantes de drogas e que, em última análise, poderá descriminalizar o porte de entorpecentes para consumo próprio. A proposição gerou polêmica e, para evitar que o debate acabasse contaminando o restante da reforma, ela foi separada do corpo do projeto pelo relator da matéria na CCJ, deputado Alessandro Molon (PT-RJ). Serão realizadas audiências públicas em busca de um consenso em torno da proposta.
Enquanto a Câmara se prepara para votar a reforma em plenário, o Senado luta para desembaraçar uma segunda versão de mudanças no código, elaborada por uma comissão de 15 juristas. O prazo de apresentação de emendas ao texto recheado de controvérsias foi estendido, e ele poderá ser apensado à proposta da Câmara. Foi uma derrota política para o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), que patrocinou a formulação da proposta da Casa e pretendia ver a ideia aprovada ainda em seu mandato no comando do Senado. Agora, o texto deve passar por audiências públicas até abril.
REFORMAS
Confira quais códigos deverão passar por mudanças importantes em 2013
» Penal: Rege o direito penal. Define delitos e crimes, com as penas aplicadas em cada caso. Entre as propostas, está o aumento da pena máxima do crime de corrupção e a unificação das modalidades passiva e ativa desse crime
» Processo penal: Reúne as regras e princípios do direito processual penal. Já recebeu mais de 200 emendas, com discussões sobre temas como sequestro de bens, saídas para acelerar o trâmite processual e a redução do número de recursos cabíveis nos processos
» Processo civil: Define a forma como tramitam os processos na Justiça civil. Na revisão, será aberta a possibilidade de penhora de parte do salário para quitar dívidas
» Eleitoral: Regulamenta as eleições para cargos políticos. Uma das propostas é a obrigatoriedade de um financiamento exclusivamente público de campanhas
» Comercial: Disciplina as atividades comerciais, os direitos e obrigações das empresas e suas relações
» Direitos do consumidor: Normatiza a relação entre consumidor e prestadores de serviço ou comércio. A revisão debaterá temas como prevenção ao endividamento, regras sobre comércio eletrônico e o disciplinamento de ações coletivas