A seis meses de completar 80 anos, o novo prefeito de Morada Nova de Minas, na Região Central do estado, no Alto São Francisco, Walter de Moura (PSDB), assumiu o desafio de fazer funcionar uma prefeitura que herdou R$ 6,25 milhões em dívidas e deve o salário de dezembro a todos os funcionários públicos municipais. Com uma receita bruta mensal de R$ 1,5 milhão para administrar, a solução encontrada por Moura é cortar gastos e buscar financiamentos no Banco do Brasil e na Caixa Econômica Federal para parcelar as dívidas. “Estamos com um problema muito grave, que está fazendo cair meu cabelo”, brinca. “Quando comecei a ter conhecimento do valor dos débitos da prefeitura me preocupei e pensei comigo: ‘Como é que vou fazer?’ Mas não fui eu quem criou essas dívidas, tenho que ficar com a cabeça fria para resolvê-las”, acrescenta, simpático.
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MPF notifica prefeituras em Minas sobre práticas ilegais na administraçãoPrefeituras mineiras encontram obstáculos para cobrar impostosCrise nas contas das prefeituras obriga cidades tradicionais do estado a cancelar a foliaFechar as portas foi saída para prefeituras endividadasDe acordo com Moura, em suas outras três gestões à frente da Prefeitura de Morada Nova, a primeira em 1989, nenhuma dívida foi passada para o prefeito seguinte. “Já a gestão passada deixou várias obras inacabadas, como a construção de 50 banheiros em residências de pessoas de baixa renda, asfaltamento de várias ruas, compras de máquinas, e construções na Área da Praia – onde seria feito um auditório com capacidade para 600 pessoas para convenções. Em um lugar onde não há restaurante nem hotel”, reclama. A cidade tem cerca de 9 mil habitantes.
Os maiores problemas, afirma, além dos salários atrasados, são uma dívida de cerca de R$ 1 milhão com o hospital da cidade e a coleta de lixo, que está funcionando precariamente. Além disso, a prefeitura deve cerca de R$ 2 milhões de encargos aos aposentados e deve também ao Fundo de Saúde do município.
Mais caos
Também na Região Central, Ressaquinha passa por maus bocados e amarga uma dívida de R$ 3,1 milhões. “A situação está feia e indo de mal a pior. Estamos com uma situação financeira muito delicada”, lamenta o prefeito recém-empossado, Denilson da Cruz (PT), 46 anos, que decretou situação de calamidade financeira, logo no segundo dia de governo. A cidade tem um orçamento previsto de R$ 16 milhões para 2013 e conta com apenas dois veículos do poder público funcionando: uma ambulância e um carro comum. Outros 13 estão impedidos de rodar, por multas e falta de documentação em dia. Nenhum dos servidores da prefeitura recebeu o salário relativo a dezembro, e cheques da gestão anterior ainda estão sendo compensados, afirma a assessoria do prefeito.