É consenso que 2014 está distante, que há pontes a serem construídas e que muita água ainda passará sob elas até se decantar o processo da próxima disputa presidencial. Mas a movimentação dos pré-candidatos ao Planalto derruba qualquer lógica entre tempo e calendário. Já em busca da reeleição, a presidente Dilma Roussef começou a percorrer o Nordeste, onde o PT perdeu espaço em 2012. A constância do governador Eduardo Campos (PSB) ante os holofotes também confirma a aceleração da caça ao voto a partir das terras nordestinas. Aliás, a região, que responde por 27% do eleitorado do país (36,7 milhões de votos), está no centro desse começo de disputa, embora o PSDB se mantenha alheio a ela.
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De olho na reeleição, Dilma cria canal com prefeitosAécio vai usar choque de gestão como bandeira para disputar eleição em 2014PT tenta conter avanço de Eduardo Campos no NordesteO presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), evita fazer qualquer prospecção. “A única coisa que sei da sucessão é que nós do PSDB precisamos ter um candidato e que nosso candidato é Aécio. Aécio é o candidato. É isso”. Guerra diz que além da certeza tucana, não há mais a se afirmar sobre candidaturas. “Não sabemos se Eduardo será”, frisa e arremata que o PSDB, aliado dos socialistas em diversos estados, não possui qualquer forma de inimizade com o PSB. O mesmo sentimento é externado por outros tucanos, embora sobrem ressalvas sobre a importância de ter um pernambucano no páreo. “Acreditamos que eles (Aécio e Campos) não se confrontarão em 2014”, comenta um deles.
No Nordeste, além do evidente peso eleitoral, estão raízes da história nacional e símbolos da identidade brasileira, que, geralmente, são ostentados por candidatos em campanhas políticas. Não sem razão, Dilma vestiu, na última sexta-feira, quando visitou o Piauí, gibão e chapéu de couro. Ao posar para fotos com indumentárias de vaqueiro quis expressar apreço, respeito e identidade com os nordestinos. Colocou a capa de candidata à reeleição e pode ter ganho pontos junto ao povo que, em outubro, preferiu outros partidos – o PT perdeu, por exemplo em Salvador, Fortaleza e Recife.
Mas, para os tucanos, nem a movimentação de Dilma nem as investidas de Eduardo parecem incomodar. “Não há problema. Nosso desempenho não foi ruim no Nordeste. Temos cenário favorável no Centro-Sul. O PSDB tem potencial de oposição. A conduta de Eduardo não é elemento de preocupação. Aécio não está centrado nas articulações nacionais, ainda vai começar a botar a cara na rua e defender temas de interesse do Brasil”, disse Evandro Avelar, presidente estadual do PSDB.