Em posição dúbia, evitando desgastes na disputa da presidência da Câmara Federal, o governador Eduardo Campos, recebeu nesta terça-feira, no seu gabinete, o deputado federal Henrique Alves (PMDB-RN), candidato favorito ao cargo, mantendo o mesmo discurso: como governador e como presidente nacional do PSB não se envolve na questão, que considera de competência do Parlamento. Campos repetiu para Alves, o mesmo que afirmou para seu correligionário, Julio Delgado (PSB-MG), que está na briga pela presidência da Casa, quando este o visitou no dia 17. Se deputado federal fosse, seu voto seria de Delgado.
Fez questão de lembrar que em abril do ano passado, procurou o governador para pedir sua bênção antes de começar sua campanha pela presidência da Câmara. "Não gostaria de dar o primeiro passo sem dizer a ele, porque o PSB é um partido importante na Casa, que poderia vir a ter um candidato", observou. O governador, segundo Alves, disse, então, que ele estava liberado para trabalhar.
Alves disse respeitar a posição do governador. "Encaro o seu não envolvimento como respeito ao Parlamento", avaliou. Acompanhado dos deputados pernambucanos Raul Henry (PMDB), Cadoca (PSC), Bruno Araújo (PSDB) e Inocêncio Oliveira (PR), Henrique Alves ouviu de Campos a garantia de que não procurou ninguém para pedir voto.
Eduardo Campos não gosta de perder. Quer ter cada vez mais protagonismo como ator político. Não esconde sua meta de um dia vir a ser presidente da República. Neste contexto, a candidatura de Julio Delgado serviu para fortalecer seu cacife político. Mesmo que o deputado socialista venha a ser derrotado, o governador não vai sofrer desgaste porque não se envolveu. E embora os candidatos estejam procurando e visitando todos os governadores, foi criada expectativa unicamente em relação à visita feita a Campos, que ficou em evidência.
Eduardo não deu entrevista à imprensa depois da visita de Alves, que à noite iria jantar com a bancada pernambucana em um restaurante na praia de Boa Viagem. Dos 25 parlamentares pernambucanos na Câmara Federal, a estimativa do deputado federal Raul Henry (PMDB) é de que 20 votem no peemedebista. "Só não temos o apoio do PSB e PTB", afirmou. "Todos os outros partidos estão conosco".