As feridas das eleições municipais ainda nem foram cicatrizadas e mais uma crise no PSD, partido criado há pouco mais de um ano, já está anunciada. Ao manifestar apoio à candidatura à reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), o presidente nacional e fundador do PSD, o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, abriu uma nova batalha com a bancada de Minas e o deputado federal licenciado Alexandre Silveira (PSD), integrante do Diretório Estadual da legenda. Eles mandaram o recado que, independentemente do posicionamento nacional do partido, estarão ao lado do pré-candidato ao Palácio do Planalto, senador Aécio Neves (PSDB) na eleição presidencial do ano que vem. Nos bastidores, a informação é de que os parlamentares já estariam articulando a saída do partido.
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PSD de kassab quer jogo duplo na eleição presidencial de 2014Kassab terá aval de líderes do PSD para apoiar DilmaCom pior avaliação desde Pitta, Kassab vê SP melhorO argumento da executiva nacional para apoiar o então candidato petista era de que o cenário político havia mudado desde a convenção do partido, anterior ao rompimento entre PT e PSB. Já os dissidentes justificaram que os filiados haviam decidido pelo apoio à reeleição do socialista. Em jogo estavam dois minutos a que o PSD tinha direito no horário eleitoral na televisão. O caso foi parar no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que negou o pedido da executiva nacional de participar da chapa encabeçada pelo PT na disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte.
MOEDA DE TROCA O apoio do PSD nacional pela candidatura de Patrus se deu após uma negociação entre Kassab e Dilma Rousseff. A presidente, temendo o fortalecimento dos tucanos, principais aliados de Lacerda na capital, teria oferecido ao prefeito em troca um ministério em seu governo. O dirigente estadual do PSD, Paulo Safady, informa que a decisão do partido em nível nacional é de caminhar com a presidente Dilma e, inclusive, participar de seu governo. O partido deve ficar com o recém-criado Ministério de Micro e Pequena Empresa e a Secretaria de Aviação Civil. Safady, inclusive, é um dos cotados para assumir a primeira pasta.
Em relação ao posicionamento dos parlamentares mineiros, ele disse não ver nenhum impedimento para que os deputados de Minas apoiem o senador Aécio Neves, caso ele dispute a Presidência. “As decisões nacionais não necessariamente têm que ter correlação no estado”, observou.
Enquanto o cenário da disputa presidencial não se define, a legenda corre o risco de perder representantes. Segundo Alexandre Silveira, a insatisfação pelo posicionamento do presidente nacional do PSD não é só dos políticos mineiros. Ele afirmou que, quando o partido foi criado, a proposta de Kassab era de que o PSD seria independente até passarem as eleições presidenciais. O secretário ressaltou ainda que o ex-prefeito paulista prometeu não intervir nas instâncias inferiores do partido. Gustavo Valadares fez coro com o colega: “O Kassab está indo contra tudo o que ele pregou no início do partido.” “Todos nós vamos trabalhar para a eleição do senador Aécio Neves”, acrescentou o deputado estadual Fábio Cherem.