Já dura quase 30 horas a ocupação do prédio do Instituto Lula, na zona sul da capital paulista. Um grupo de moradores de assentamento, com apoio de sindicalistas e estudantes, invadiu o escritório do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por volta das 6h30 dessa quarta-feira após render o caseiro do prédio. Segundo lideranças cerca de 120 pessoas passaram a noite no local.
A assentada Roseane dos Santos contou que os invasores dormiram no primeiro andar do prédio, onde fica a recepção, a cozinha e a sala de reuniões. O segundo andar do prédio foi isolado a pedido da direção do Instituto Lula, já que no local fica a sala do ex-presidente. "Lá em cima ninguém tem acesso", disse ela.
No início da noite dessa quarta-feira o grupo que invadiu o instituto aumentou com a chegada de outros assentados e de estudantes. Por volta das 18h, já se viam estudantes da Universidade de São Paulo (USP), que se dizem apoiadores do movimento, chegando com as suas mochilas e saco de dormir para passar a noite no local. Segundo testemunhas, o grupo se recolheu por volta das 23h e só voltou à frente do prédio pela manhã. Roseane não soube explicar quantos desses invasores são assentados e quantos são "apoiadores" da ação, mas confirmou que crianças e mulheres grávidas passaram a noite no local.
Na manhã desta quinta-feira os invasores tomaram café da manhã e fizeram a leitura dos principais jornais do país. Segundo Roseane, eles providenciaram a sua própria comida. "Muito do que comemos veio do assentamento."
Nessa quarta-feira o Incra anunciou que pretende receber os sem-terra nesta quinta-feira, às 17h, com a condição de que eles deixem os dois prédios ocupados. A expectativa da direção do Instituto Lula é de que os ocupantes deixem o local ao meio-dia.