Jornal Estado de Minas

Dilma fez pronunciamento como se estivesse ao som da charanga do PT, acusa oposição

PSDB reagiu ao uso político do anúncio feito pela presidente, em rede nacional, de redução no valor das contas de energia elétrica

Marcelo Ernesto - Enviado especial a Curitiba
O pronunciamento da presidente Dilma Rousseff feito nessa quarta-feira para anunciar a redução de 18% para os consumidores e de até 32% para as indústrias, agricultura e comércio no valor da conta de energia elétrica causou indignação na oposição. Em nota, o deputado Sérgio Guerra, presidente nacional do PSDB, afirmou que o governo do PT ultrapassou “um limite perigoso para a sobrevivência da jovem democracia brasileira” ao fazer uso político do assunto. Segundo ele, o país assistiu “a mais agressiva utilização do poder público em favor de uma candidatura e de um partido político: o pronunciamento da presidente Dilma Rousseff, em rede nacional de rádio e TV”. E atacou: “É como se estivesse fazendo um discurso numa reunião interna do PT, em meio ao agitar das bandeiras e ao som da charanga do partido.”
Guerra afirmou que a presidente “faltou com a verdade”, além de atacar adversários e fazer promoção pessoal e política. “O PSDB denuncia o uso indevido feito de um instrumento reservado ao interesse público para promoção pessoal e política da presidente, e alerta os brasileiros para a gravidade desse ato que fere frontalmente os fundamentos do Estado democrático”, afirmou.

Ainda segundo o tucano, no governo do PT “tudo é propaganda, tudo é partidarizado”. “O conceito de República foi abandonado. A chefe da Nação, que deveria ser a primeira a reconhecer-se como presidente de todos os brasileiros, agora os divide em dois grupos: o “nós” e o “eles”. O dos vencedores e o dos derrotados. Os do contra e os a favor. É como se estivesse fazendo um discurso numa reunião interna do PT, em meio ao agitar das bandeiras e ao som da charanga do partido”, declarou.

Além da manifestação do presidente nacional do PSDB contra o pronunciamento de quarta-feira da presidente Dilma Rousseff, outros integrantes da legenda também se alinharam em discursos nessa linha. O secretário de Energia de São Paulo, José Aníbal (PSDB), por exemplo, disse mais cedo nesta quinta-feira que o que surpreendeu "foi a politização absoluta do anúncio feito em cadeia nacional". Segundo o tucano, "a presidente usou espaço na televisão para fazer picuinha política, o que é inaceitável".

No pronunciamento em rede nacional, a presidente afirmou que o índice de redução é maior que o previsto inicialmente pelo governo. Dilma disse ainda que essa redução ocorre pela primeira vez no Brasil e assegurou que o país vive uma situação segura no setor de energia elétrica. "O Brasil tem energia suficiente para o presente e para o futuro, sem nenhum risco de racionamento ou qualquer tipo de estrangulamento, no curto, médio ou no longo prazo”.

Dilma aproveitou para cutucar os adversários. Segundo ela, as previsões pessimistas não se concretizaram. “Nesse novo Brasil, aqueles que são sempre do contra estão ficando para trás. Pois nosso país avança sem retrocesso em meio a um mundo cheio de dificuldades. Hoje podemos ver como erraram feio no passado os que não acreditavam que era possível crescer e distribuir renda, que pensavam ser impossível que dezenas de milhões de pessoas saíssem da miséria e não acreditavam que o Brasil virasse um país de classe média”, salientou.

A presidente disse que os que tentaram “amedrontar” os brasileiros com a queda do emprego ou a perda do poder de compra do salário também erraram e que “não faltou comida na mesa nem emprego”. Também citou a saída de 19,5 milhões de brasileiros da linha da extrema pobreza nos últimos dois anos.