Paulo de Tarso Lyra, Leonardo Azevedo e Adriana Caitano
Brasília – A presença da presidente Dilma Rousseff para pronunciamento em rede nacional na noite da última quarta-feira – vestida de vermelho, ela adotou um tom de campanha eleitoral antecipada ao criticar os “pessimistas que falam em racionamento de energia” – irritou a oposição. Tucanos e democratas protestaram contra o fato de a chefe do Executivo nacional utilizar o espaço considerado de utilidade pública pela terceira vez, em apenas seis meses, para falar do mesmo assunto: a redução da conta de energia elétrica. Provável candidato do PSDB a presidente, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) foi enfático: “O Brasil assistiu a mais um exemplo inaceitável de como o PT usa, sem constrangimentos, estruturas de Estado para alcançar seus objetivos políticos”, afirmou.
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Para o presidente estadual do PSDB mineiro, Marcus Pestana, ao mesmo tempo em que anuncia a redução na conta de luz, o governo federal terá que reajustar o preço da gasolina. “Dá com uma mão: a energia vai baixar. Tira com outra: gasolina vai aumentar”, comparou. Em debate pelo Twitter com o petista Ricardo Berzoini (SP), Pestana lançou o desafio: “Nos deem uma cadeia nacional a cada uma da presidente. Aí sim, será verdadeira discussão. O resto é monólogo”.
Petistas rebatem
Em nota oficial divulgada no início da noite de ontem, o líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE), lembrou que a “conquista histórica (redução da conta de luz) foi aprovada no fim do ano passado pelo Congresso, a despeito da oposição do PSDB e do DEM”. E reforçou que os estados de São Paulo, de Minas Gerais e do Paraná – todos administrados pelo PSDB – rejeitaram as condições do acordo proposto pelo governo federal para a redução das tarifas de energia.
A nota do PT deixa claro que o embate eleitoral começou. “Antidemocrático é censurar a palavra da presidente sobre as conquistas de seu governo e querer estabelecer inclusive o cenário e quando ela deve falar à nação. A nota do PSDB mostra claramente que faltam à oposição propostas para o país e sobra a surrada opção de distorcer e manipular os fatos”, completou Guimarães.