Se todos os cidadãos de Três Marias, na Região Central do estado, assumissem uma porção igual da atual dívida do município, o valor que cada um dos 27 mil habitantes da cidade teria que pagar seria superior a R$ 1,1 mil. Segundo o novo prefeito da cidade, Vicente Resende (PMDB), a prefeitura herdou um débito interno de R$ 19,2 milhões da última gestão e outro de R$ 11,2 milhões com o hospital regional, que é mantido pelo município. “Três Marias tem arrecadação bruta de R$ 5 milhões e uma dívida de 30 milhões. Se eu fechasse tudo da prefeitura, parasse todos os serviços para quitar as dívidas, ficaria seis meses para fazer isso”, afirma ele, preocupado.
Outra preocupação imediata é com o começo do calendário escolar na zona rural: “Não temos nenhuma patrol funcionando. As estradas estão muito ruins, estou rezando para que faça alguns dias de sol para que possamos deixá-las pelo menos transitáveis. Caso contrário muitos alunos não poderão assistir às aulas”, alerta. Sobre a gestão anterior, ele reclama: “Parece-me que os gestores do interior não estão fazendo absolutamente nada dentro da lei. No final de dezembro, ele (o ex-prefeito) entregou um contracheque aos funcionários e eles foram para o banco e o supermercado gastar e não tinha dinheiro nenhum na conta. Veja só!”
CHORADEIRA GERAL Em todo o estado, novos prefeitos choram dívidas herdadas de gestões passadas. O Estado de Minas já noticiou situações complicadas em Santa Luzia, na Grande Belo Horizonte, onde o prefeito fechou a prefeitura por 15 dias, e em Matozinhos, também na Região Metropolitana de BH, onde a coleta de lixo chegou a ser interrompida em Matozinhos, a poucos dias do prefeito entregar o cargo ao sucessor. No Vale do Jequitinhonha, Diamantina também sofre com débitos e a crise pode afetar inclusive o tradicional carnaval. Em Nova Morada de Minas, na Região Central, o prefeito terá de administrar uma dívida de R$ 6,2 mi. Ressaquinha, na mesma região, deve mais de R$ 3 milhões. O prefeito de Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas, Jefferson Gonçalves (PR), cancelou o carnaval para cortar gastos.