Sob bombardeio intensificado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, que pregou, em sessão do Conselho Nacional de Justiça em novembro, a extinção dos Tribunais de Justiça militar no país, presidentes de cortes especializadas nessa área de Minas Gerais, de São Paulo e do Rio Grande do Sul consideraram ontem, em Belo Horizonte, a instituição necessária para dar agilidade ao julgamento dos crimes cometidos por policiais militares. “Se fosse criado um órgão de segundo grau da Justiça Militar no Rio de Janeiro, o cidadão carioca não estaria na situação em que está hoje em relação à segurança pública”, afirmou João Vanderlan Vieira, presidente do Tribunal de Justiça Militar do Rio Grande do Sul.
Foi inaugurada, nessa terça-feira, sede do Tribunal de Justiça Militar de Minas Gerais, no prédio que abrigava a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão de Minas Gerais (Seplag). O prédio tombado da Rua Aimorés, 698, onde funcionou a Corte, será destinado ao Museu da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar, integrando o Circuito Cultural da Praça da Liberdade. Presente na inauguração, o governador Antonio Anastasia (PSDB) assinalou a previsão constitucional do Tribunal de Justiça Militar. “Não podemos discutir a vontade do povo, que está na Constituição”, disse, acrescentando que há “uma folha de bons serviços” prestados a Minas pelo órgão.
Ao criticar os tribunais de Justiça Militar, Joaquim Barbosa considerou “baixa” a produtividade dos órgãos, assinalando que essas cortes especializadas poderiam ser absorvidas pela Justiça comum. Segundo ele, os dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) mostram que o orçamento dos três tribunais militares estaduais superam R$ 96,4 milhões para 6.087 processos. Ainda assim, o CNJ está às voltas com juízes de tribunais militares processados por terem deixado, em 2010, prescrever processos.
Segundo Omar Marcelino, o tempo limite para o julgamento dos processos no Tribunal de Justiça Militar de Minas Gerais é de 120 dias. As estatísticas indicam que no ano passado foram distribuídos 2.622 processos e julgados 3.412, zerando o estoque. Quarenta por cento dos militares processados foram condenados. A Polícia Militar de Minas Gerais e o Corpo de Bombeiros têm efetivo de cerca de 44 mil integrantes.