Para diminuir a resistência de setores do PSDB paulista a sua candidatura à Presidência da República em 2014, o senador Aécio Neves (MG) encontrou-se nessa quarta-feira com o governador Geraldo Alckmin e com o ex-governador José Serra para discutir a futura direção do partido, que será renovada em maio. Os encontros foram uma sinalização a favor da unidade. Desde 2010, os grupos do senador - que agora detém o controle da cúpula do PSDB - e de Serra rivalizam nos bastidores, enquanto Alckmin mantém certa neutralidade.
No almoço com Alckmin e, depois, num café com Serra, o senador defendeu o fortalecimento do PSDB, com a cessão de espaço para os diferentes grupos.
No desenho da futura direção do PSDB, Alckmin indica o novo secretário-geral do partido, o segundo cargo na estrutura partidária. O deputado Duarte Nogueira foi elogiado por Aécio e Alckmin ontem. O grupo de Serra deve ficar com a liderança do partido no Senado ou com a vice-presidência, por meio do senador Aloysio Nunes Ferreira.
Aliança
Aécio e Alckmin já haviam conversado sobre a candidatura do mineiro à Presidência no final do ano passado, em encontro no apartamento de FHC. Na ocasião, Alckmin teria dito: “Conte com São Paulo”. A declaração foi interpretada como um sinal verde à sua candidatura. Nessa quarta-feira, no almoço no Palácio dos Bandeirantes, Aécio voltou a dizer a Alckmin que, se ele quiser ser candidato à Presidência, não se oporá. Mas Alckmin é candidato à reeleição e sugeriu a Aécio que se dedique a percorrer o País em 2013. Com o encontro, o senador quis fazer um aceno político para o governador, de olho numa aliança no maior colégio eleitoral do País - por isso, Aécio defende que o projeto presidencial seja a “quatro mãos” com Alckmin.
O governador diz publicamente que ainda é cedo definir a candidatura à Presidência. Mas, ciente de que Aécio tem a maioria do partido para colocar em curso o seu projeto político, não deverá fazer resistência à candidatura do senador. Uma eventual polarização interna entre o mineiro e o paulista ficará para 2018, quando Alckmin também será potencial candidato ao Planalto.
Nas últimas semanas, aliados de Serra passaram a dizer que Alckmin poderia ser candidato à Presidência. Também começaram a defender a realização de prévias ou primárias para escolher o candidato ao Planalto - a ação pretende fazer um contraponto à hegemonia de Aécio e negociar espaço na direção. Os tucanos ligados ao ex-governador se dividem entre os que acham que o momento é de Aécio - e que Serra deveria disputar o Senado em 2014 - e os que veem espaço para ele pleitear a candidatura a presidente.