Confirmando as expectativas, o senador Renan Calheiros (PMDB) foi eleito o novo presidente do Senado para o próximo biênio. Calheiros recebeu 56 votos e o seu concorrente, Pedro Taques (PDT), somou 18. Dois votos foram em branco e outros dois nulos. Ao todo, 78 votos foram depositados na urna e quem atingisse 40 seria o novo comandante da Casa. Ele retorna ao comando da Casa cinco anos após renunciar ao cargo para não ser cassado pelos pares e uma semana após o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, tê-lo denunciado por peculato (desvio de dinheiro público), falsidade ideológica e uso de notas fiscais falsas ao Supremo Tribunal Federal (STF). A eleição, feita em votação secreta por meio de cédulas, durou 35 minutos e contou com a presença de 78 dos 81 parlamentares. Faltaram à votação os senadores Humberto Costa (PT-PE), Luiz Henrique (PMDB-SC) e João Ribeiro (PR-TO).
Em seu primeiro discurso como novo presidente da Casa, Calheiros afirmou que pretende tornar a estrutura da casa mais enxuta para que o Senado fique mais ágil. Ele também afirmou que aceitar críticas é uma forma de tornar o Legislativo “mais forte” e defendeu a independência entre os três poderes. Apesar disso, ele criticou o governo e afirmou que boa parte dos desgastes que o Senado sofre vem do excesso de medidas provisórias que são editadas pelo Executivo, o que, segundo o peemedebista, “atrofiou” o Legislativo.
Calheiros, contudo, voltou a amenizar o discurso e salientou que não pretende “derrubar os vetos da presidência” e que criará um mecanismo para evitar que eles se acumulem sem serem analisados pela Casa.“A cooperação em prol de um Brasil melhor não implica em subordinação. Embora eu seja filiado a partido da base de apoio ao governo, o Congresso Nacional e o Senado Federal nunca serão subalternos. Não acredito na política do fim do mundo, mas também não é o fim do mundo o Congresso derrubar vetos presidenciais. Criaremos um breve um novo mecanismo para limpar a pauta de vetos”, discursou.
O senador alagoano enfrentou nos últimos dias forte pressão para renunciar ao pleito. O senador Pedro Simon (PMDB/RGS) foi um dos que questionou com muita veemência a candidatura de Renan calheiros. Para Simon, Renan deveria renunciar à candidatura. “Seria o caso de elegermos um candidato que está sendo denunciado pela Procuradoria-Geral da República?”, questionou Simon. Para o senador, o colega de partido deveria “sair dessa” para evitar repetir “o mesmo filme”.
Em 2007, Renan renunciou ao cargo de presidente do Senado para escapar de uma possível cassação do seu mandato. As acusações são as mesmas que agora são objeto de denúncia da procuradoria. Renan é suspeito de ter as despesas pagas por um lobista, como a pensão para a filha que teve com a jornalista Mônica Veloso. O senador alagoano teria usado notas fiscais frias relativas à venda de bois para tentar negar a acusação. O caso tramita no STF em segredo de Justiça.
Sem apoio suficiente para eleger-se presidente do Senado, o senador Pedro Taques (PDT/MT), antes mesmo da votação dos senadores em plenário, já admitia a derrota. Da tribuna do Senado, ele disse que disputava o cargo na condição “de perdedor”. Apesar desse preâmbulo, Taques disse que disputou o cargo para que a população brasileira pudesse perceber que a política pode ser articulada “de maneira diferente”. “Venho para combater o bom combate. Sou o anti-candidato, aquele que perderá. A ética que proclamo é aquela que toda a sociedade gosta de cultivar”, afirmou.
Com informações de Iracema Amaral e Agência Estado