Logo após o senador Renan Calheiros (PMDB) ser eleito, ele foi a tribuna do Senado para agradecer os votos e dizer que vai adotar uma postura mais “independente” em relação ao Executivo. Ele aproveitou o momento para agradecer ao senador José Sarney (PMDB), que deixa a presidência da Casa após dois anos,o e deve assumir o comando da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). “Faço uma deferência especial ao presidente José Sarney, um visionário cuja história política é única. Foi ele que nos conduziu da escuridão da ditadura para a luminosidade democrática, legalizando partidos, a liberdade sindical e banindo a censura do Brasil”, disse. Contudo, o peemedebista não citou em nenhum momento as denúncias feitas pela Procuradoria-geral da República que o acusa de desviar dinheiro e usar documentos falsos.
Em seu primeiro discurso como novo presidente da Casa, Calheiros afirmou que pretende tornar a estrutura da casa mais enxuta para que o Senado fique mais ágil. Ele também afirmou que aceitar críticas é uma forma de tornar o Legislativo “mais forte” e defendeu a independência entre os três poderes. Apesar disso, ele criticou o governo e afirmou que boa parte dos desgastes que o Senado sofre vem do excesso de medidas provisórias que são editadas pelo Executivo, o que, segundo o peemedebista, “atrofiou” o Legislativo.
Calheiros, contudo, voltou a amenizar o discurso e salientou que não pretende “derrubar os vetos da presidência” e que criará um mecanismo para evitar que eles se acumulem sem serem analisados pela Casa.“A cooperação em prol de um Brasil melhor não implica em subordinação. Embora eu seja filiado a partido da base de apoio ao governo, o Congresso Nacional e o Senado Federal nunca serão subalternos. Não acredito na política do fim do mundo, mas também não é o fim do mundo o Congresso derrubar vetos presidenciais. Criaremos um breve um novo mecanismo para limpar a pauta de vetos”, discursou.
Ele defendeu o modelo democrático e disse que ele é exemplo para outras nações mundiais. “O modelo democrático brasileiro é único. Por isso temos uma mulher na presidência da República. Por isso tivemos um operário. Temos que preservar esse modelo”, salientou. Para defender a liberdade de imprensa, Calheiros citou uma frase dita pela presidente. “Dilma disse preferir o barulho da imprensa livre ao silêncio das ditaduras. Eu também”, ressaltou ao dizer que a imprensa livre é “fundamental” para as democracias modernas.
Em 2007, Renan renunciou ao cargo de presidente do Senado para escapar de uma possível cassação do seu mandato. As acusações são as mesmas que agora são objeto de denúncia da procuradoria. Renan é suspeito de ter as despesas pagas por um lobista, como a pensão para a filha que teve com a jornalista Mônica Veloso. O senador alagoano teria usado notas fiscais frias relativas à venda de bois para tentar negar a acusação. O caso tramita no STF em segredo de Justiça.