Brasília – O PMDB sai das disputas pelas presidências da Câmara e do Senado hegemônico, mas rachado por dentro. Renan Calheiros (AL) elegeu-se presidente do Senado, e Henrique Eduardo Alves (RN), muito provavelmente, será consagrado amanhã como comandante da Câmara. Em suas entranhas, contudo, as disputas públicas e secretas geraram fissuras que terão de ser curadas para que a água não mine o dique governista no ano que vem. “As divisões serão muito maiores do que foram em 2010”, afirmou o vice-presidente da Caixa Econômica Federal, Geddel Vieira Lima.
Geddel é um dos que compraram briga com a cúpula federal, mais especificamente com o grupo comandado pelo vice-presidente Michel Temer e pelo próprio Henrique Alves. Bancou a candidatura de Eduardo Cunha (RJ) para a liderança do partido na Câmara de olho no tensionamento das relações internas no partido no ano que vem. Há quem diga que ele poderá até concorrer à Presidência do PMDB. Os planos, por enquanto, são mais paroquiais. “Quero ser governador da Bahia”, disse ele, que ajudou a eleger ACM Neto (DEM) para a Prefeitura de Salvador.
Não foi apenas o apoio de Geddel que Cunha angariou. Depois de alguns entreveros políticos, o deputado fluminense resgatou a aliança com o governador do Rio, Sérgio Cabral, e com o prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes. Ele tenta afirmar que fez campanhas para ambos nas eleições de 2006, 2008, 2010 e 2012. Mas todos no partido sabem que as intenções são outras. Cabral queria estar no lugar de Michel Temer, acomodado no Palácio do Jaburu como vice-presidente da República.
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Henrique Alves e Renan travam uma disputa pessoal. Embora de maneira discreta, Alves comemorou quando o companheiro do Senado começou a ser alvejado por denúncias. O receio dele era que o questionamento ético envolvesse apenas a Presidência da Câmara. Estando na linha de tiro, Renan não sai tão maior que Henrique na disputa pelo comando do Congresso.
O novo presidente do Senado também foi obrigado a administrar uma pressão interna, ao escolher Eunício Oliveira (CE) para a liderança da bancada no lugar de Romero Jucá (RR). “A divisão é explícita. Todos esses nomes que disputam entre si foram aliados em um passado recente”, lembrou o senador Jarbas Vasconcelos (PE), dissidente de longa data.