Brasília – Para além da disputa pelo comando da Câmara dos Deputados, estão os outros 10 cargos distribuídos entre os partidos. Cada vaga tem uma função específica e interesses particulares envolvidos. Ao todo, as nomeações de comissionados a que a Mesa Diretora terá direito custarão R$ 22,9 milhões. A cifra na casa dos oito dígitos, no entanto, não é o maior desejo dos concorrentes. A principal briga em curso diz respeito ao poder de decisão que cada posto detém. Entre os futuros ocupantes estão empresários, agricultores e alguns parlamentares que colecionam registros em processos judiciais. Pelo menos em dois postos, a 2ª vice-presidência e a 2ª secretaria, haverá disputas internas.
O também empresário Fábio Faria (PSD-RN) conseguiu ser indicado pelo partido a um cargo na Mesa mesmo estando apenas no segundo mandato e tendo menos de 40 anos. A secretaria, no entanto, acabou esvaziada por um ato da Mesa Diretora e deve perder a função de corregedoria da Casa — ficaria apenas com o controle de ressarcimento de despesas médicas. Ele enfrentará os também pessedistas Átila Lins (AM) e Júlio César (PI), que resolveram lançar-se como candidatos avulsos. A vaga que o PSD queria mesmo ocupar era a 1ª secretaria, cujo comandante é responsável por toda a área administrativa da Casa, desde contratações até compras e contratos. O posto acabou permanecendo com o PSDB e o tucano indicado para exercê-lo foi Márcio Bittar (AC) — integrante da bancada ruralista. O acriano assume uma das cadeiras mais desejadas da Mesa, já de olho nas eleições de 2014, quando pretende se candidatar pela segunda vez a governador.
À PROVA Apesar de ter apenas que providenciar passaporte diplomático e visto para os colegas deputados, a vaga de 2º secretário da Mesa não será definida com tanta facilidade. O nome indicado pelo PP é Simão Sessim (RJ), mas Waldir Maranhão (PP-MA) também resolveu entrar na disputa. A principal resistência ao nome de Sessim é baseada em sua biografia. O deputado é também conhecido pelos laços sanguíneos — ele é primo do contraventor Anísio Abraão David, considerado um dos chefões do jogo do bicho no Rio.
Os ocupantes das últimas duas vagas de titulares da Mesa não são amplamente conhecidos na Casa. Maurício Quintella Lessa (PP-AL), que ficará com a 3ª secretaria, ganhará de brinde a Corregedoria, retirada da 2ª vice-presidência, mas ainda deve explicações à Justiça. Ele é um dos citados na ação civil pública do Ministério Público de Alagoas que investiga desvio de R$ 52 milhões de verbas federais destinados à educação.
O professor Carlos Biffi (PT-MS) ficará com a 4ª secretaria, cujo ocupante é responsável por cuidar da distribuição dos apartamentos funcionais entre os parlamentares. O MP do estado acusa Biffi de supostamente receber pagamentos mensais vindos do desvio de R$ 30 milhões dos gastos com publicidade de Mato Grosso do Sul feito pelo ex-governador Zeca do PT. A assessoria do parlamentar garante que ele não tem qualquer envolvimento com o caso e que seu nome nem sequer foi citado nas investigações.
CADEIRAS COMPLETAS
1ª vice-presidência
André Vargas (PT-PR)
Substituir o presidente e elaborar pareceres sobre requerimentos de informações e projetos
2ª vice-presidência
Fábio Faria (PSD-RN)
Examinar ressarcimento de despesa médica e atuar como corregedor
1ª secretaria
Márcio Bittar (PSDB-AC)
Gerência administrativa e aplicação do orçamento; enviar indicações e requerimento a órgãos da Presidência da República
2ª secretaria
Simão Sessim (PP-RJ)
Providenciar passaporte diplomático
3ª secretaria
Maurício Quintella Lessa (PR-AL)
Controlar emissão de passagens aéreas; examinar de licenças e faltas
4ª secretaria
Carlos Biffi (PT-MS)
Supervisionar o sistema habitacional
1º suplente*
Gonzaga Patriota (PSB-PE)
2º suplente*
Takayama (PSC-PR)
3º suplente*
Vaga do DEM ainda sem indicação
4º suplente*
Wolney Queiroz (PDT-PE)
*Substituir secretários conforme numeração ordinal