Na articulação dos nomes que vão ocupar as mesas diretoras, o peso de antigos caciques do cenário político das regiões Norte e Nordeste foi decisivo para garantir o apoio de outros parlamentares às chapas favoritas. No Senado, contando com mais da metade dos integrantes das duas regiões – dos 81 senadores, 48 são do Norte e do Nordeste – e com o prestígio no meio político do ex-presidente José Sarney (PMDB-AP), foram poucos obstáculos para confirmar os nomes escolhidos para a Mesa. Além da presidência do alagoano Renan Calheiros, das outras seis cadeiras, duas ficaram com senadores de Roraima, Romero Jucá e Ângela Portela, duas com os piauienses Ciro Nogueira e João Vicente Claudino, uma com Flexa Ribeiro, do Pará, e outra com Jorge Viana, do Acre.
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Parceria é renovada entre PT e PMDB com eleições para comandar o Congresso Henrique Alves vence eleição na Câmara e PMDB consolida poderRenan Calheiros anuncia sessão do Congresso para terça-feira após o CarnavalPara o cientista político Rudá Ricci, algumas pistas podem ajudar a entender o cenário no qual as bancadas do Norte e do Nordeste aumentaram seu espaço nos cargos de comando do Legislativo, mas o principal fator que determinou a composição das novas mesas diretoras está relacionado à influência de grandes caciques das duas regiões. “No Senado principalmente, essa força fica mais clara, com um nome forte (do senador José Sarney) sendo substituído por outro de seu partido. Já na Câmara, tivemos a grande preocupação com a ameaça de que aparecesse um novo Severino Cavalvanti, dessa forma, os partidos menores dessas regiões optaram pelas alianças e apoiaram as chapas mais fortes”, avalia Rudá.
O fato de os grandes favoritos às vagas de presidente terem tido maior tempo para articular suas chapas também é considerado uma possível explicação para o domínio dos nortistas e nordestinos nas eleições internas das duas casas. “Tanto na Câmara quanto no Senado os nomes para assumir os principais cargos já tinham sido negociados há tempos. Dessa forma, Renan e Eduardo conseguiram articular suas chapas e colocaram políticos aliados de suas áreas. Outra questão que percebo é a característica do PMDB de se deslocar para as áreas rurais do país. Mesmo tendo um poder econômico menor em comparação com o Centro-Sul, no Poder Legislativo a influência é significativa”, explica.