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Documentos divergem sobre "fuga" do ex-deputado Rubens PaivaMorte do ex-deputado Rubens Paiva ganha mais detalhes com documentos oficiaisDocumentos sobre Rubens Paiva serão analisadosNo Sul, Comissão da Verdade recebe papéis sobre o ex-deputado Rubens PaivaMilitar admite farsa na morte de Rubens PaivaAprovada, Comissão da Verdade do RJ não saiu do papelComissão da Verdade vai apurar ida de civis ao Dops e responsabilidade da FiespCronograma da Comissão da Verdade é questionadoMinistro da Justiça diz que documentos sobre prisão de Rubens Paiva são reveladoresFilha de Rubens Paiva disse que família se sentiu aliviada com revelação sobre a morte do paiMilitares ordenaram silêncio sobre tortura de Rubens PaivaDe acordo com o estudo de Fontelles, além da papelada encontrada na casa de Molina, um informe inédito guardado no Arquivo Nacional revela como os órgãos de repressão chegaram até Rubens Paiva. Ele relata uma ordem recebida pela para revistar um avião da Varig, vindo do Chile, que pousaria no Rio de Janeiro, em 20 de janeiro. Nele estavam Cecília de Barros Correia Viveiros de Castro e Marilene de Lima Corona, mãe e cunhada do brasileiro exilado Luiz Rodolfo Viveiros de Castro. Elas traziam cartas de exilados políticos que “deveriam ser entregues no Rio a um senhor por nome Rubens que as faria chegar aos destinatários”. Após a prisão delas, os militares chegaram até Rubens Paiva. O documento, datado de 25 de janeiro, nada diz sobre a fuga de Paiva, que teria ocorrido em 22 de janeiro, segundo a versão oficial do Exército. “Se a fuga tivesse acontecido de verdade ela constaria desse pormenorizado registro”, afirma Fonteles.
Também foi encontrado no Arquivo Nacional o depoimento do tenente médico do Exército Amilcar Lobo, prestado à Polícia Federal em 1986, durante uma tentativa de reabrir a investigação sobre o caso Paiva no início da redemocratização. Lobo afirmou que, numa madrugada de janeiro de 1971, foi atender Rubens Paiva na cela onde ele estava. No exame, segundo ele, o preso, que estava com hemorragia abdominal, dizia ser ex-deputado. O médico afirmou nesse depoimento que “aconselhou” sua hospitalização, mas no dia seguinte foi informado que ele havia morrido. Lobo contou ter visto escoriações em Paiva e que podia garantir que ele tinha sido torturado.
Para Fonteles, os documentos revelados, cruzados com os depoimentos, desmontam a versão apresentada pelo comandante do Exército, Sylvio Frota, de que Rubens Paiva fugiu quando o carro que o conduzia foi interceptado por terroristas quando ele estava sendo levado para prestar esclarecimentos. “O Estado ditatorial militar, por seus agentes públicos, manipula, impunemente, as situações, então engendradas, para encobrir, no caso, o assassinato de Rubens Paiva consumado no Doi/Codi”, assegura Fontelles.