A multa de R$ 1 milhão aplicada pelo governo mineiro ao consórcio Minas Arena representa apenas 4% do valor doado pelas três empresas que formam o consórcio (Egesa, Construcap e Hap Engenharia) para campanhas políticas nas duas últimas eleições, em 2010 e 2012. Elas não economizaram e a soma das doações para vários partidos políticos e candidatos chegou a R$ 25 milhões. Ou seja, 25 vezes maior que a punição que recebeu por ter deixado os torcedores de Cruzeiro e Atlético sem água, sem comida e por não ter aberto o estacionamento no horário prometido, no último domingo, na reinauguração do estádio do Mineirão.
Porém, a Egesa também doou para a campanha de diversos candidatos diretamente. O que mais recebeu foi Henrique Arantes (PTB-GO), com R$ 700 mil. Vários deputados mineiros – todos da base do governo estadual – receberam doações generosas, entre R$ 100 mil e R$ 300 mil.
Em 2010, a eleição foi para presidente, governador, senador e deputado federal. Dos R$ 7,6 milhões doados pela Construcap na ocasião, a maior parte também foi para os tucanos: R$ 3,425 milhões. O PT recebeu R$ 2,015 milhões; PSB, R$ 1,1 milhão; e PV, R$ 1 milhão. Já a Hap Engenharia foi a menos generosa e doou apenas R$ 10 mil para um candidato de São Paulo.
Na última eleição, do ano passado, quando foram eleitos prefeitos e vereadores, o grande beneficiado foi o PSB. O principal candidato socialista no país foi o prefeito reeleito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda. Mais da metade dos R$ 2,9 milhões que as três empresas que formam o consórcio Minas Arena doaram teve como destino o partido de Lacerda: R$ 1,540 milhão.
PUNIÇÃO A multa foi anunciada anteontem, em uma reunião do governador Antonio Anastasia (PSDB) com o secretário extraordinário da Copa do Mundo (Secopa), Tiago Lacerda, e o superintendente da Minas Arena, Ricardo Barra. Lacerda justificou a punição. “A falta de lixeira nos banheiros, por exemplo, é até certo ponto aceitável, mas os demais itens não. A multa aplicada é pela operação como um todo, a começar pelo horário de abertura dos portões, o que foi errado.”
O Executivo da Minas Arena Ricardo Barra admitiu falhas nos bares. “Além do abastecimento, houve deficiência de pessoal. Os bares tinham de ter sido abastecidos de uma maneira que não aconteceu. Havia o problema de deslocamento da água para beber, que estava sendo feito durante o jogo. Houve um erro de avaliação e a Minas Arena pede desculpas ao torcedor.” O Minas Arena é uma Sociedade de Propósito Específico (SPE) e foi responsável pelas obras da reforma do Mineirão. O consórcio terá o direito de explorar a comercialização do estádio por 25 anos. No contrato estão previstas metas de qualidade operacional e gestão.