As emoções na Câmara Municipal de Belo Horizonte estão à flor da pele. As consequências da divisão dos parlamentares devido à eleição para a presidência do Legislativo da capital mineira, em 1º de janeiro, começam a aparecer. Bate-boca, dedo na cara, gritaria e troca de ofensas marcaram o terceiro dia de trabalho na Casa. O motivo da briga entre os vereadores nessaterça-feira, que assustou até os assessores mais antigos da Câmara, foi a disputa pela direção da Comissão de Administração Pública, uma das mais importantes do Legislativo. Houve discussão também no plenário entre o presidente da Câmara, Léo Burguês (PSDB), e o vereador Tarcísio Caixeta (PT).
Na reunião de ontem ficou evidente a queda de braço, e vereadores que não eram membros da comissão tumultuaram a sessão. De um lado, o grupo de Lacerda, liderado pelo vereador Preto (DEM) – que era ligado à Mesa até ser nomeado líder de governo. Do outro, os vereadores Wellington Magalhães (PTN) e Iran Barbosa (PMDB), que defendiam o cumprimento do acordo: a eleição de Juninho.
Interinamente quem estava presidindo a reunião era o vereador mais votado, também aliado do governo, Bispo Fernando Luiz (PSB). Foi uma hora de discussão. A sessão teve de ser interrompida, mas o intervalo de nada adiantou. Em meio aos gritos dos vereadores, o professor Wendell foi eleito com quatro votos favoráveis: do Bispo Fernandes, do Dr. Sandro, de Juninho Los Hermanos e o dele mesmo.
Em jogo, estava o poder de uma comissão importante por ser responsável por todos os projetos que dizem respeito à administração pública. O grupo de Wellington Magalhães já tinha conquistado as outras duas comissões também importantes: de Legislação e Justiça – o vereador eleito foi Marcelo Álvaro Antônio (PRP) – e a de Meio Ambiente e Política Urbana – dirigida pela vereadora Elaine Matozinhos (PTB).
Durante toda a confusão o regimento interno da Casa foi questionado pelos vereadores dos dois lados, esquentando a briga. Para Preto, o vereador Iran Barbosa tumultuou a sessão. “Sem nem ser membro dela”, criticou. “Foi um absurdo o que ele fez”, ressaltou, referindo-se às interrupções do parlamentar para ter direito a fala. Já Iran, acusou Preto de ter influenciado o presidente da sessão, “a mando do prefeito”. “Ele ficou o tempo todo falando com o presidente o que ele tinha de fazer”, acrescentou o peemedebista que garantiu que vai entrar com um pedido na Casa para cancelar a votação.
Microfone
Além da troca de agressões verbais entre os vereadores, por diversas vezes o microfone foi desligado a pedido de Bispo Fernando impedindo os vereadores aliados a Juninho de falar. Iran Barbosa, do outro lado, chegou a tirar o microfone da mão do presidente. Mas não foram só Iran, Preto e Bispo Fernandes que roubaram a cena ontem. Os vereadores Wellington Magalhães (PTN) – que apoiou Juninho – e Bruno Miranda (PDT), que defendia o nome do professor Wendell, também chamaram a atenção com uma briga que quase acabou “no tapa”.
Com os ânimos exaltados os vereadores continuaram a lavar a roupa suja em plenário. “Na democracia tem debate, respeito”, ressaltou Tarcísio Caixeta que relembrou o dia da votação da direção da Mesa, quando Léo Burguês colocou a presidência em votação rapidamente. “Dois vereadores, Adriano Ventura (PT) e Alexandre Gomes (PSB) não tiveram a chance de votar”, cutucou. Léo Burguês tentou se explicar, mas Caixeta afirmou: “não estou pedindo explicação” e acabou tendo o microfone cortado pelo presidente. Sem projetos na pauta, a reunião foi encerrada às 15h50, depois de Caixeta ter pedido a verificação de quórum. Léo Burguês depois da sessão brincou com Preto: “É você ou o Caixeta o líder de governo?”, ironizando a atitude do petista.