Jornal Estado de Minas

Bancada da bala quer Segurança

Dois ex-PMs entram na briga pelo comando da comissão que cuida da área, mas João Leite pode ser mantido no cargo

Juliana Cipriani

Uma briga de patentes que empacou a distribuição das comissões na Assembleia Legislativa ficou para ser resolvida na terça-feira por causa do tradicional hábito dos deputados estaduais de enforcarem a semana do carnaval. Na disputa para presidir a Comissão de Segurança Pública, os dois integrantes da bancada da bala – Cabo Júlio (PMDB) e Sargento Rodrigues (PDT) – podem se ver derrotados por um membro da bancada religiosa, o tucano João Leite, indicado pelo bloco governista para se manter no cargo que ocupou nos últimos quatro anos.
Todos garantem ter direito à vaga e nenhum dos três está disposto a abrir mão. Além de ter sido indicado pelo bloco do governo, João Leite afirma que não pode deixar a função, para evitar constrangimentos do Legislativo mineiro. Isso porque ele preside o Fórum Nacional de Comissões de Segurança Pública. “Fui escolhido pelos outros estados e fica até complicado para a Assembleia eu não estar mais na comissão. Em março temos até um encontro marcado em Foz do Iguaçu”, argumentou o tucano, que garante  que o bloco tem prioridade para escolha.

Sargento Rodrigues e Cabo Júlio, representantes do segmento dos policiais militares, travam uma disputa particular pelo maior posto da área de segurança no Legislativo. O pedetista está cobrando um acordo que disse ter fechado com o presidente da Assembleia, deputado Dinis Pinheiro (PSDB), quando João Leite foi eleito da última vez. “Naquele momento, para que não houvesse clima ruim, o Dinis me pediu para abrir mão e disse que trabalharia com a base do governo para que eu assumisse agora. O João Leite já presidiu por dois biênios seguidos, nada mais justo que agora seja eu”, afirmou Rodrigues.

Nos bastidores, o deputado do PDT não é visto como uma boa opção pelo governo, por suas posições polêmicas e postura de denúncias na área de segurança. O recado que colegas dizem ter recebido é que ele promete parar a Assembleia fazendo obstrução, caso não consiga se firmar no cargo. Sobre isso, o deputado diz que se manifestou por escrito, dizendo que não pode ser companheiro apenas no momento de eleição. “Obviamente, se não for reconhecido como companheiro, vou tomar algumas posições considerando se houve ou não primeiro tem que saber. Não ameaço, eu faço”, disse. Sobre a disputa com Cabo Júlio ele nem quis comentar. “Tenho processo contra ele por dano moral, quem cuida dele é o PMDB ou o Judiciário”, afirmou.

O peemedebista Cabo Júlio, que chegou em dezembro à Assembleia, afirma que pelas regras caberia ao PMDB a presidência da comissão. “Somos uma bancada com oito e as indicações vão das maiores para as menores bancadas. Se o bloco do governo tem prioridade para essa área vai gastar cartucho e obviamente perderá outras. É uma avaliação que eles têm que fazer”, afirmou. Cabo Júlio defendeu o equilíbrio de forças, para o qual se coloca como melhor opção, mas evita o confronto direto com Sargento Rodrigues. “Ele é meu companheiro de profissão e com qualquer um dos dois a classe estará bem atendida. Meu partido vai trabalhar pelos interesses da sociedade e não por vaidades pessoais”, alfinetou.