Os registros de entrada e saída do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), em São Paulo, mostram que o local, uma espécie de QG da repressão durante o regime militar brasileiro (1964-1985), passou a ser frequentando com assiduidade por agentes de inteligência ligados diretamente à Presidência da República apenas a partir de 1978, ano anterior à Lei da Anistia. Na época de maior repressão política, no início daquela década, a presença de integrantes do Serviço Nacional de Informações (SNI) no prédio do Dops era rara.
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Enquanto o número de visitas de agentes de inteligência crescia, a presença dos militares e de figuras da linha dura, como o delegado Sérgio Fleury, diminuía. Ele foi levado de volta para atividades na área de crimes comuns da Polícia Civil e desapareceu dos livros da portaria do Dops em 1978.
Antes do período de distensão política, porém, militares e civis coordenavam, do Dops, as operações de inteligência do regime. É enorme a variedade de nomes de delegados e de militares que se identificavam na portaria do edifício como representantes do Destacamento de Operações de Informações (DOI), ligado ao Exército. O QG da repressão do governo era o principal centro de infiltração de agentes entre as organizações de esquerda e de localização de militantes que viviam na clandestinidade.
As listas de portaria mostram que era comum a chegada e saída, nos mesmos dias e horários, de representantes de diferentes setores da comunidade de informações. Em alguns os encontros reuniram delegados, representantes da Polícia Militar, agentes federais e oficiais do Exército e da Aeronáutica. “O Dops abrigava um centro de articulação de combate à oposição”, afirma Ivan Seixas, ex-presos político e assessor da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo.