O Legislativo de Minas Gerais resolveu encabeçar uma discussão sobre mobilidade urbana, como forma de pressionar autoridades municipais de todo o estado a resolverem os grandes gargalos no trânsito e no transporte das 853 cidades mineiras. Com a presença de várias autoridades do setor, a Assembleia Legislativa lançou nessa quarta-feira o tema, apresentando um cenário devastador, em que os grandes centros caminham para a paralisia se intervenções emergenciais não forem feitas.
Para abrir a campanha “Mobilidade Urbana – Construindo cidades inteligentes”, o especialista no assunto, consultor em transporte e trânsito Osias Baptista Neto defendeu a substituição dos carros particulares pelas formas públicas e coletivas, além da adoção de medidas sustentáveis de deslocamento, como as ciclovias. Segundo ele, a retomada da economia brasileira, tendo o setor automobilístico como um dos impulsionadores, vem levando a um crescimento da frota que não é acompanhado pelo sistema viário. Desse modo, a solução enxergada por ele é a melhoria do transporte público. “Todos terão de fazer sacrifício”, afirmou.
Em 10 anos, segundo relatório recente do Observatório das Metrópoles, houve um crescimento de 78% na frota de veículos das metrópoles brasileiras. De 2001 a 2011, o número de automóveis passou de 11,5 milhões para 20,5 milhões e o de motos foi de 4,5 milhões para 18,3 milhões. No período, Belo Horizonte teve um percentual acima da média nacional. A frota de 841.060 veículos passou para 1,7 milhão, um aumento de 108,5%. A média de veículos que foram chegando às ruas de BH por ano foi de 91.235.
O presidente da Assembleia, Dinis Pinheiro (PSDB), disse que até 2020 a frota de veículos deve dobrar, o que pode tornar a situação inviável. “Estamos vivenciando lamentavelmente um martírio urbano. Essa é a realidade”, disse. De acordo com ele, a Assembleia terá o papel de instigar discussões, trazer integrantes do Executivo e de entidades do setor para conhecer a real situação da mobilidade, avaliar e criar leis, além de fiscalizar as ações para melhoria do transporte. “Estamos condenados e condenando gerações vindouras se medidas não forem tomadas”, afirmou.
O secretário de Estado de Obras Públicas, Carlos Melles (DEM), pediu ao Legislativo que inclua em suas discussões o transporte aéreo, e fez questão de ressaltar as ações do governo do estado. Segundo ele, Minas terá R$ 9 bilhões em obras viárias, sendo R$ 3,1 bilhões para o metrô de Belo Horizonte, que deverá ter licitação aberta até o fim do ano. Para o presidente do Conselho Empresarial de Política Urbana, José Aparecido Ribeiro, as cidades precisam de um sistema de transporte decente e de obras nas vias. Uma das saídas, segundo ele, é investir nas vias expressas, o que, em Belo Horizonte, para ele, ainda não acontece. “A cidade precisa de obras, de túneis, precisamos de um novo Juscelino Kubitschek para construir via expressa, porque o carro não vai sair de cena. Ele é um sonho do brasileiro, que tem direito de ter o seu automóvel”, afirmou. A primeira reunião preparatória do evento foi marcada para 1º de março, quando começam a ser realizadas reuniões para definir o cronograma de atividades no Legislativo.
Comissões já estão definidas
Foram anunciados nessa quarta-feira, oficialmente, os deputados efetivos e os suplentes das 20 comissões permanentes que atuarão na Casa nos próximos dois anos. João Leite (PSDB) foi eleito presidente da Comissão de Segurança Pública, uma das mais cobiçadas, para o terceiro biênio seguido. Quem lutou para conseguir a cadeira de vice-presidente no colegiado foi Sargento Rodrigues (PDT), que foi contemplado com o cargo, mas prometeu “troco à altura” para os que não o queriam na comissão. “Se dependesse do secretário de Governo, Danilo de Castro (PSDB), eu não seria sequer membro da Comissão de Segurança”, afirmou ele. Cabo Júlio (PDMB), que também ambicionava presidir a Comissão de Segurança Pública, garantiu uma cadeira como membro efetivo. (Colaborou Felipe Canêdo)