Jornal Estado de Minas

Líderes dos partidos mantêm clima de bate-boca no Senado visando disputa de 2014

Discussão sobre "heranças" dos governos do PT e do PSDB toma conta do Senado. FHC entra no ritmo da campanha

Karla Correia Amanda Almeida
Aécio Neves ouviu aplausos da oposição e críticas do PT de Suplicy - Foto: Arthur Monteiro/Agência Senado
Brasília – O clima de campanha antecipada para a eleição presidencial de 2014 — que permeou a festa de comemoração, na noite de quarta-feira, dos 10 anos do PT no governo federal — deflagrou uma guerra verbal entre governistas e oposição. No Senado, ontem, o novo líder do PSDB na Casa, Aloysio Nunes Ferreira (SP), criticou a “arrogância” da presidente Dilma Rousseff, que durante a celebração petista afirmou que o partido não se beneficiou de avanços obtidos em governos anteriores.

“Disse a presidente: ‘Nós não herdamos nada. Nós construímos tudo’. É uma versão exagerada do ‘nunca antes na história deste país’ (expressão que ficou marcada nos pronunciamentos de Lula). É uma hipérbole da arrogância, da autossuficiência”, protestou Nunes. Para ele, os governos Lula e Dilma devem seus êxitos ao “esforço coletivo do povo” para se desenvolver e também aos ex-presidentes Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso. “Eu duvido que um cidadão brasileiro minimamente informado não considere algo extremamente positivo o esforço de todos nós, brasileiros, para debelar a inflação, um esforço liderado por Itamar e, depois, por Fernando Henrique”, afirmou o senador, que destacou como legados do governo tucano a Lei de Responsabilidade Fiscal e parte das privatizações.

Recheada de provocações aos tucanos e com forte cunho eleitoral, a festa do PT serviu ao partido governista como plataforma de lançamento da candidatura de Dilma Rousseff à reeleição. Durante a celebração, a legenda distribuiu uma cartilha de 15 páginas, comparando a gestão petista com o governo de Fernando Henrique Cardoso, com duras críticas à administração tucana. Horas antes do início das celebrações, o senador tucano Aécio Neves (MG) — provável adversário de Dilma nas urnas — afirmou que o atual governo é movido pela “lógica da reeleição”.

Rebatido por petistas, o discurso do senador mineiro reverberou entre líderes oposicionistas. “Esse tipo de ataque mesquinho é algo que é típico do PT, mas a coisa mais perigosa é a desfaçatez com que esse partido está usando o governo como instrumento de campanha”, atacou o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN). Eles tiveram a desfaçatez de anunciar a candidatura de Dilma e enunciar, ponto a ponto, as ações de governo que vão usar como lastro dessa campanha. Ninguém duvida que o anúncio da expansão do Brasil sem Miséria neste momento tenha fins eleitoreiros”, criticou Agripino.

Fernando Henrique questionou as comparações feitas entre seu governo e as administrações petistas. “Para que comemorar 10 anos falando mal do outro? Comemore dizendo: ‘Fiz isso’. Está bom, mas os outros também fizeram. No meu governo, nós mudamos o rumo do Brasil, de um país que não tinha credibilidade, de um país que tinha inflação muito alta, de um país que não tinha horizonte, para um país que teve horizonte”, disse o ex-presidente, que tem figurado como um dos principais articuladores da candidatura de Aécio Neves ao Palácio do Planalto.

Contra-ataque

No plenário do Senado, governistas saíram em defesa do PT e ressaltaram o tratamento político dispensado pelo PSDB ao ex-presidente tucano em eleições anteriores. “Não foi o PT que tentou esconder o presidente Fernando Henrique durante o período logo após seu governo”, ironizou o senador Jorge Viana (PT-AC). “Era o PSDB que tentava esconder o seu líder, esconder os números, as atitudes. O PT tem orgulho dos líderes que tem, tem orgulho do ex-presidente Lula e tem muito orgulho da presidente Dilma. Essa é uma diferença política.” Para o senador Inácio Arruda (PCdoB–CE), ao suceder Fernando Henrique, Lula encontrou a nação “de joelhos”.