Tratemos então de avaliar o que houve e tentar enxergar, até onde a vista alcança, o que está no horizonte, para uns e para outros. Para o campo governista, a largada cumpriu alguns objetivos. Para começar, enterrou o “queremismo” de parte da militância que sonhava com a volta de Lula. Lançando Dilma, ele acabou com isso. Voltou com a performance de grande comunicador, embora a voz já não seja a mesma, e com fome de briga. O PT exibiu unidade e ânimo novo, depois do infortúnio com o mensalão. Dilma é que, apesar da roupa vermelha e do acento crescentemente eleitoral em seus discursos, precisará muito de seu treinador, Lula. Como diz um aliado, ela entrou na campanha, mas não levou, ainda, sua coalizão.
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Veja quais são as armas de cada candidato à presidência em 2014Marina Silva começa a pedir apoio da população para criação do Rede SustentabilidadeNo embate com petistas, PSDB usa lei para checar paternidade de programa socialPor fim, numa evidência de que, desta vez, a polarização pode ser efetivamente quebrada, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), embora ainda não assuma sua candidatura como os outros, entrou na festa largada a partir de um seminário (claro!) com prefeitos no agreste pernambucano. Condenou a antecipação e a polarização, que chamou de “velha rinha”.
Questões que contam
Eleição não é aritmética, mas alguns elementos contam muito.
Máquina – Disputar a reeleição no cargo é uma vantagem avassaladora. Dilma é uma presidente popular, mas isso não basta. Seu governo é bem avaliado, em que pese o baixo crescimento da economia. Mesmo assim, a grande máquina federal conta muito, e o PT aprendeu a usá-la. Aécio contará com os governos estaduais tucanos, mas Dilma, sem dúvida, leva vantagem.
Coligações – A união de muitos partidos determina o tempo de televisão e passa a ideia de que o candidato é o mais forte, o preferido. Dilma teve o apoio de 10 partidos em 2010, batendo o próprio Lula. Deve perder o PSB, mas ganhará o PSD. Entretanto, ainda precisa acomodar todo mundo no governo, na reforma que vem adiando. Aécio deve reproduzir a aliança histórica do PSDB com o DEM e o PPS. Afora algumas pequenas siglas, a oferta de aliados será escassa, o que vale também para Campos.
Televisão – Isso é fundamental. Em 2010, Dilma teve 10 minutos em cada edição de 25 minutos do horário eleitoral, contra sete minutos de Serra e um minuto e pouco de Marina Silva. Deve ampliar esse tempo, mesmo perdendo o PSB, pois outros partidos cresceram sob o fermento do poder. Aécio e Campos devem ter menos tempo que Serra em 2010.
Palanques estaduais – Candidatos a presidente precisam de palanques estaduais. De bons candidatos a governador e a senador. A antecipação nacional está acelerando os arranjos locais. Como no Rio, onde a base dilmista já rachou: o PT lançou a candidatura de Lindbergh Farias e o governador Sérgio Cabral, do PMDB, lançou seu vice, Pezão. Disputando os outros aliados, os dois partidos anunciam que terão Francisco Dornelles, do PP, como candidato a senador. Ele finge que não ouve, mas dificilmente romperá com Cabral.
Agendas positivas
Chove lá for a, mas o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), vai dando curso à sua agenda de recuperação política da Casa. Depois dos primeiros pontos da reforma administrativa, que economizará alguns milhões, e das medidas de transparência, anunciou providências legislativas que foram aplaudidas até por um falcão adversário — Randolfe Rodrigues. O regimento será reformado, permitindo sessões especiais mais longas para debates temáticos. Em breve, entra em pauta projeto do próprio Senado, exigindo a prestação de contas anual das agências reguladoras, essas caixas-pretas. E, ainda, a regulamentação do papel constitucional do Senado na formulação da política tributária.
Na Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) pensa colocar em votação o fim dos 14º e 15º salários dos deputados, que seriam compensados pela equiparação aos vencimentos dos ministros do STF. Teria sido desaconselhado pelo líder do PMDB, Eduardo Cunha: essta equiparação agora só vai gerar agenda negativa. Na outra Casa, Renan teria avisado que ela não será votada, para conter o desgaste.