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Por enquanto não há discussão dentro do partido. A sensação que tenho é de que o partido se inclina neste momento pelo nome do senador Aécio Neves. Agora, isso é um processo. A gente não pode antes da hora bater martelo, porque pode haver outros candidatos. Sempre defendi que o partido fosse aberto, democrático. Se for por consenso, não precisa de nada, todos estão de acordo. Se alguém quiser ser candidato, tem direito de ser, o estatuto prevê o que se faz. Mas acho que é preciso, antes de falar em candidaturas, afinar o discurso. Na circunstância brasileira, tão importante quanto a pessoa é o que ela vai dizer. Isso é o que vai chamar atenção, vai mobilizar. Eventos como o de hoje (ontem) são nesse sentido, para afinar o discurso.
Qual é a possibilidade hoje de Aécio ser indicado pelo PSDB para concorrer à Presidência da República?
O nome mais citado é o do Aécio Neves e nenhum outro está postulando a sua inclusão. Agora, o partido tem gente importante que temos de levar em consideração. Os governadores, não só de São Paulo e de Minas, estados mais populosos, mas há outros. O José Serra, que teve votação enorme, faz parte desse grupo de pessoas que pesam. Temos de conversar com todo esse pessoal. A militância tem de se entusiasmar e a liderança tem de ter sempre sensibilidade de ver se o candidato vai ou não entusiasmar.
O PSDB vai ter eleições para a presidência nacional. Aécio seria um nome, como forma de ganhar visibilidade para uma futura candidatura ao Planalto?
Não conversei com ele para ver os prós e contras. Não acho que isso venha a ser uma questão de divisor do partido. Qualquer que seja o nome ele tem de ter habilidade para unir.
Na hipótese de ser Aécio o candidato do PSDB, haveria problema para trabalhar o eleitorado paulista?
São Paulo é grande demais para se ter essa ideia que tem de ser sempre só paulistas. Não existe esse sentimento. O problema é o da mensagem. Se o candidato se apresentar em sintonia com que o povo está pensando naquele momento, ele ganha. Então, ele tem de ouvir o povo. Não adianta ficar a discussão entre nós. Tem de sentir o que a população deseja, o que ela quer, e tem de alertar a população também para ver o que eventualmente não tenha sido percebido ainda, mas que a liderança perceba. Mas o jogo fundamental é com a sociedade, com o povo. Fui candidato, ganhei em primeiro turno nas duas vezes, com votação em todo o Brasil. Ninguém questionou se eu era de São Paulo. Aliás, os últimos presidentes não nasceram em São Paulo. Eu não nasci lá, o Lula não nasceu lá, o Jânio Quadros não nasceu lá, o Washington Luís não nasceu lá. O último que nasceu lá foi Rodrigues Alves. Faz mais de 100 anos. Mostra que São Paulo é um estado aberto. Acho que o candidato tem de ganhar a população paulista. Isso vai depender do candidato.
E qual seria o discurso? As últimas candidaturas do PSDB a presidente não defenderam o seu governo. Como deve ser esse discurso?
O passado é passado. Você não pode centrar uma campanha no passado. Tem de centrar no futuro. Essa, que é a minha preocupação e a de todos os que têm responsabilidade no PSDB: o que vamos propor ao país. A crítica já está sendo feita e vai ser acirrada, porque o governo está indo mal em muitos setores. Isso seguramente vai suscitar críticas, mas não só do PSDB, como em geral. Basta ler na imprensa que há muitas restrições sobre o modo como o governo está resolvendo os problemas de infraestrutura no Brasil, as questões orçamentárias, uma espécie de perda de rumo diante das circunstâncias internacionais. Mas, mais do que isso, temos de apresentar o lado positivo. O que vamos oferecer. Agora e finalmente, de quem vier a ser candidato. Não podemos colocar na boca de alguém algo que não sente. Quem vai arrematar isso e dar a mensagem é o candidato.
Qual é o cenário político que o sr. considera para o ano que vem?
Como está posto o quadro hoje, o PSDB terá candidato, o governo também, a presidente Dilma será candidata à reeleição. A Marina Silva (ex-senadora) explicitamente se coloca como postulante ao cargo. Eduardo Campos (governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB) não assumiu mas as ações dele são nessa direção. Eu sei lá se outros vão aparecer. De repente o Fernando Gabeira (ex-deputado federal pelo PV) vai ser candidato também. Não sei por que o governo precipitou o lançamento formal quase e já está usando aquele símbolo, até ficou feio na foto que vi, me pareceu uma coisa meio soviética, o lado pior do sovietismo, de um personalismo muito forte. Mas lançou. E normalmente quem está no governo não quer que lance candidatura porque atrapalha. A presidente Dilma, tudo o que ela fizer, vão dizer: é eleitoreiro. Mas eles lançaram. Isso faz com que os outros comecem também a funcionar com muita antecipação.
Pensando no PSDB, o sr. acha que Aécio, como potencial candidato, deve começar a percorrer o Brasil?
Acho que um líder de expressão nacional precisa percorrer o Brasil. O Brasil é grande, diferenciado. Qualquer líder que queira realmente ter peso tem de percorrer e tem de falar. Pode escrever o que quiser que a influência é menor do que a sua fala e a sua presença, que é muito multiplicada pela televisão e pelo rádio. Todos os que aspirarem posição de liderança nacional têm de percorrer o Brasil. O maior engano em que pode incorrer o candidato é imaginar que ao falar no Congresso ou no partido está fazendo muita coisa por sua candidatura. Não está. As pessoas só se popularizam quando assumem risco, tomam posição e essa posição é visível. Então, tem de percorrer o país.