No momento em que se agrava a crise entre PMDB e PT do Rio, a presidente Dilma Rousseff e o governador peemedebista Sérgio Cabral participaram juntos de três inaugurações e entraram no clima de comemoração dos dez anos dos petistas no poder. Dilma e Cabral destacaram a recuperação de estatais que, nos anos 1990, estavam praticamente paralisadas, como a Nuclebrás Equipamentos Pesados (Nuclep). Também exaltaram a parceria entre os governos federal, estadual e municipal como ponto fundamental para a recuperação do Estado e da capital. "Na Nuclep mostramos que era possível construir, com mãos, cérebros e vontade, todo esse empreendimento (...) O conteúdo nacional do que é produzido aqui mostra a pujança da capacidade brasileira", disse a presidente pela manhã, na inauguração da Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (UFEM), parte do complexo industrial da Marinha de construção de submarinos. A UFEM é vizinha da Nuclep, no município de Itaguaí. Mais enfático, Cabral rasgou elogios a Dilma: "A Nuclep, empresa abandonada pelos governos anteriores que a senhora resgatou, era um cemitério de ferro velho há uma década. O estaleiro Verolme era capim puro e hoje tem mais de sete mil trabalhadores (...). A senhora e o presidente Lula mudaram a história do conceito de desenvolvimento nacional". À tarde, a presidente inaugurou o Hospital Municipal Evandro Freire, Ilha do Governador (zona norte) e à noite, o Museu de Arte do Rio (MAR), na zona portuária. Na UFEM, Dilma apontou a construção de cinco novos submarinos, um deles de propulsão nuclear, como mais um passo na garantia da soberania nacional. Ela lembrou que, com o submarino nuclear, que deve ficar pronto em 2025, o Brasil estará entre os poucos países que têm esse tipo de navio de guerra e, indiretamente, reforçou o pleito brasileiro por uma vaga permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. "Entramos no seleto grupo que é aquele dos integrantes do Conselho de Segurança das Nações Unidas - únicas nações que têm acesso ao submarino nuclear: Estados Unidos, China, França, Inglaterra e Rússia", disse. Dilma e Cabral almoçaram na residência oficial do prefeito Eduardo Paes (PMDB), na Gávea Pequena. Mais cedo, a presidente havia tratado o governador como "grande parceiro do governo federal". Cabral seguiu na mesma linha: "É um orgulho estarmos ao seu lado e do seu governo construindo um novo Brasil". No hospital, a presidente saudou o vice-governador Luiz Fernando Pezão, pré-candidato do PMDB à sucessão de Cabral, como "um homem do meu governo" e afirmou que para realizar obras como a do hospital "não é só ter o dinheiro, mas encontrar parcerias de qualidade como a que temos no Rio de Janeiro." O prefeito Eduardo Paes também exaltou a parceria, chamando Dilma de "a melhor presidenta entre todos." O prefeito repetiu o elogio a Pezão, mas disse que não iria falar muito "para não dizerem que estou antecipando as coisas." A visita de Dilma ao Rio acontece na semana em que o PMDB do Rio divulgou uma nota com a ameaça de não apoiar a reeleição da presidente caso o senador petista Lindbergh Farias insista em disputar o governo com Pezão. Foi o início de uma troca de ataques entre petistas e peemedebistas, que chegou a ponto de o presidente do PMDB-RJ, Jorge Picciani, chamar Lindbergh de "calhorda". O senador petista, por sua vez, começou uma versão estadual das caravanas da cidadania lideradas por Lula nos anos 90. O primeiro município visitado foi Japeri, na Baixada Fluminense. Lindbergh disse ser "zero" a chance de desistir de disputar a sucessão de Cabral.